Lula quer fazer Cimeira do Clima na Amazónia em 2025

Presidente-eleito brasileiro disse na COP27, no Egipto, que vai fazer proposta às Nações Unidas. “O Brasil vai mudar. A democracia vai voltar a reinar no nosso país e o diálogo vai voltar”, prometeu

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Lula da Silva na COP27, em Sharm el-Sheikh MOHAMED ABD EL GHANY/Reuters

O Presidente-eleito brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, não só quer levar a Cimeira do Clima das Nações Unidas de 2025 para o Brasil, como quer levá-la para a Amazónia. “Vamos falar com o secretário-geral da ONU e vamos pedir que seja no Brasil, pode ser em dois estados, Amazonas ou Pará, logo se vê o que tem melhores condições”, prometeu esta quarta-feira em Sharm el-Sheik, no Egipto, na COP27.

Lula dava assim resposta positiva ao desafio que acaba de lhe ser lançado por Hélder Barbalho, governador do Pará, para que a Amazónia recebesse uma cimeira do clima​. “Para que não seja conhecida apenas pelas redes sociais ou pelos livros, antes pelo pé no chão, conhecendo quem procura maior justiça social para os povos da Amazónia”, pediu o governador, numa sessão realizada no pavilhão da Amazónia Legal (que engloba nove estados da bacia amazónica brasileira) na COP27, a convite dos quais Lula da Silva viajou até ao Egipto.

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O Presidente eleito brasileiro, Lula da Silva, não só quer levar a COP30 para o Brasil, como quer levá-la para a Amazónia.

Reuters,Tiago Bernardo Lopes

Os governadores da Amazónia entregaram ao Presidente-eleito, que só tomará posse no início de Janeiro, um documento chamado Carta da Amazónia – Uma Agenda Comum para a Transição Climática. Nele pedem uma nova forma de diálogo com o poder central. “Nesse novo quadro político saído das eleições de Outubro queremos construir uma melhor relação com o poder federal, na base do diálogo e do respeito”, disse Hélder Barbalho.

“Não pode haver um Brasil desenvolvido com uma Amazónia onde a população vive em condições que põem em causa a sua dignidade, onde falta saneamento básico, infra-estruturas, educação”, salientou o governador do Pará. “O futuro passa por uma Amazónia viva, possante e conservada”, garantiu.

Lula da Silva começou por prometer que não iria fazer nenhum discurso ali – porque tem um oficial marcado para esta tarde na Cimeira do Clima –, mas trazia a mensagem de que o “Brasil está de volta” depois do Governo de Jair Bolsonaro. “Está saindo do casulo em que foi metido nesses anos”, recheados de “bloqueios contra a democracia, negacionismo e de um Governo que não fazia nenhum esforço para conversar com o mundo”, afirmou o Presidente-eleito.

Para quebrar esses bloqueios, já na terça-feira, teve encontros bilaterais com o enviado espacial para o clima dos Estados Unidos, John Kerry, e com o da China, Xie Zhenhua. Nesta quarta-feira deve falar com o vice-presidente executivo da Comissão Europeia, Frans Timmermans, além do secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres.

A oferta para receber a COP30 em 2025 é um passo importante para reabrir as portas do Brasil ao mundo. Tal como a promessa de proteger a Amazónia e os povos indígenas da floresta: “Vamos criar um Ministério dos Povos Originários, para que não sejam tratados como bandidos, como por vezes hoje acontece. Queremos dar dignidade às pessoas”, afirmou Lula.

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Lula da Silva com o enviado especial para as alterações climáticas dos Estados Unidos, John Kerry, na COP27 Ricardo Stuckert

Prometeu lutar contra a desflorestação. “Se a biodiversidade da Amazónia tem a importância que todos dizem, como todos os cientistas dizem que tem, então não será preciso um esforço assim tão grande para convencer as pessoas de que uma árvore de pé vale mais do que uma árvore derrubada”, afirmou.

“O Brasil vai mudar, definitivamente. A democracia vai voltar a reinar no nosso país e o diálogo vai voltar. Temos de conversar porque não governamos para nós próprios e sim para o povo brasileiro. Para acabar com a fome, a dificuldade de sobrevivência dos povos indígenas”, declarou Lula da Silva. “O Brasil tem de ser motivo de orgulho e não de sofrimento como é hoje.”