Segundo as projecções da Organização das Nações Unidas (ONU), a população mundial ultrapassa a marca dos oito mil milhões de habitantes esta terça-feira, 15 de Novembro de 2022. O planeta ainda nunca tinha albergado tantas pessoas ao mesmo tempo. Com este grande aumento populacional a que temos assistido nas últimas décadas, tem crescido o número de megacidades, que a ONU define como aglomerações urbanas com pelo menos dez milhões de habitantes.
Os números variam consoante as fontes, mas, em 2018, a ONU dizia termos 33 megacidades, sendo que Tóquio, no Japão, era a mais populosa, com mais de 37 milhões de habitantes. O pódio completava-se com a capital da Índia, Nova Deli (28,51 milhões de habitantes), e a cidade chinesa de Xangai (25,58 milhões). Estes números antecedem os impactos de uma pandemia, mas continuam a ser relativamente recentes, merecendo, portanto, que olhemos para eles.
A China, com 1410 milhões de habitantes em 2021 (dados do Banco Mundial), e a Índia, com 1390 milhões, são os dois países mais populosos do mundo, pelo que não espanta que o “top 10” das cidades mundiais com mais habitantes inclua duas cidades chinesas (Xangai e Pequim, em oitavo lugar) e duas indianas (Nova Deli e Bombaim, em sétimo).
O jornal inglês The Guardian diz que estão a nascer diariamente mais bebés na Índia (86 mil) do que na China (49 mil). Mantendo-se a tendência, a Índia deverá tornar-se o país mais populoso do mundo no próximo ano. As estimativas dizem ainda que em 2060 poderá ter 1650 milhões de habitantes, um número verdadeiramente expressivo.
A ONU diz que 2028 deverá ser o ano em que Nova Deli troca de lugar com Tóquio, tornando-se a cidade mais populosa do mundo.
Mais dez megacidades daqui a oito anos, possivelmente
As cidades não estiveram sempre tão cheias. Em 1950, só 30% dos humanos residiam em meio urbano. Os números de 2018 contam uma história muito diferente, com 55% da população mundial a viver em cidades. Segundo as projecções, o meio urbano poderá concentrar 68% de todos os habitantes do planeta em 2050. Estes valores são veiculados pela ONU, que diz ser expectável que em 2030 tenhamos passado de 33 para 43 megacidades, “a maior parte delas em regiões em desenvolvimento”.
É na Ásia que encontramos a maioria das megacidades que temos hoje. Em 2018, viviam 529 milhões de pessoas (13% de todos os residentes urbanos do planeta) nas 33 megacidades do mundo, segundo a ONU.
As Nações Unidas referem que as megacidades com mais de 20 milhões de habitantes também podem ser chamadas “hipercidades”, ou “metacidades”. Em 2018, eram seis as “metacidades” do mundo: Tóquio, Nova Deli, Xangai, São Paulo (21,65 milhões de habitantes), no Brasil, Cidade do México (21,58 milhões) e Cairo (20,08 milhões), no Egipto.
Se olharmos para o exemplo de Osaca, conseguimos perceber bem quão o meio urbano tem ficado mais populoso nas últimas décadas. Em 1990 (ano em que existiam apenas dez megacidades), esta cidade japonesa, onde então viviam 18,39 milhões de pessoas, era a segunda mais populosa do mundo. Em quase 30 anos, Osaca ficou com mais habitantes, mas não muitos (números de 2018: 19,28 milhões de moradores). Há agora nove cidades mais populosas do que Osaca, que em 2030 deverá sair do “top 10” de vez.
Cidades americanas como Nova Iorque e Los Angeles também foram ultrapassadas. Em 1990, Nova Iorque, então com cerca de 16 milhões de moradores, era a terceira cidade mundial com mais habitantes. Em 2018, já nem sequer aparecia no “top 10”.
Urbanização deverá crescer muito na Ásia e em África
Há cidades cuja população tem emagrecido em anos recentes. Segundo a ONU, muitas ficam em países europeus e asiáticos com baixas taxas de natalidade (como Portugal). Ainda assim, a urbanização deverá continuar a intensificar-se nas próximas décadas. Se as Américas do Norte e latina já eram altamente urbanizadas em 2018, com mais de 80% dos habitantes a viverem em cidades, a percentagem deverá chegar perto dos 90% em 2050. Na Europa, onde quase três quartos da população viviam em cidades em 2018, 85% dos residentes deverão ser moradores urbanos em 2050.
África permanecia, em 2018, sobretudo rural, com as cidades a albergarem apenas 40% dos residentes no continente, mas está, em conjunto com a Ásia, a urbanizar-se mais rapidamente do que as restantes regiões do mundo. Segundo a ONU, 59% dos moradores em África deverão estar em cidades por volta de 2050.
As Nações Unidas dizem também que, face aos números de 2018, a população urbana do mundo deverá ficar com mais de 2500 milhões de pessoas até 2050, com quase 90% deste crescimento a acontecer em África e na Ásia.
Este aumento populacional e esta urbanização levam a uma pergunta inescapável e obrigatória: como vamos alimentar e dar condições de vida dignas a tanta gente? É uma questão que constitui um dos grandes desafios humanitários dos nossos tempos.