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Activista preso no Egipto quebra greve de fome, diz a família

Alaa Abd el-Fattah, detido no Egipto, disse à família que voltou a beber água e que quer um bolo de aniversário. A decisão vem suspender um protesto que ofuscou as negociações da Cimeira do Clima.

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Manifestantes pedem a libertação do activista Abd el-Fattah Reuters/MAY JAMES

O activista egípcio-britânico Alaa Abd el-Fattah, detido no Egipto, terá dito à família que interrompeu uma greve de fome que já durava sete meses, referiu uma das duas irmãs de el-Fattah esta terça-feira. A decisão vem suspender um protesto que ofuscou as negociações da Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP27), que decorre até 18 de Novembro em Sharm el-Sheikh.

O activista e blogger ganhou notoriedade durante as manifestações da Primavera Árabe que levaram à queda de Hosni Mubarak. Abd el-Fattah tornou-se um símbolo para as dezenas de milhares de egípcios - tanto liberais como islâmicos - que foram visados em repressões posteriores.

Em greve de fome desde Abril, como forma de protesto contra a própria detenção e as condições do estabelecimento prisional, Abd el-Fattah decidiu ir mais longe e parar de beber água a partir de 6 de Novembro. A decisão coincidiu com o arranque da COP27.

Vários líderes, incluindo o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aludiram ao caso de Abd el-Fattah quando contactaram o presidente egípcio Abdel Fattah al-Sisi, por ocasião do mais importante evento internacional sobre o clima.

Um bolo de aniversário

Numa mensagem enviada à mãe, datada da tarde de segunda-feira, Abd el-Fattah terá mencionado que estava ansioso para vê-la em uma visita à prisão no final desta semana.

“O importante é que desejo comemorar o meu aniversário consigo na quinta-feira, não festejamos esta data há tanto tempo, e eu quero celebrar com os meus companheiros de cela. Traga um bolo, provisões normais”, lê-se na sua carta partilhada, pela irmã Sanaa, na rede social Twitter. “Quebrei a greve [de fome]. Vou explicar tudo na quinta-feira [dia 17 de Novembro].”

Não está claro o que motivou a decisão do activista. As autoridades britânicas há meses tentam, sem sucesso, autorização consular para visitar Abd el-Fattah, que está detido numa prisão a noroeste do Cairo.

O advogado de Abd el-Fattah, Khaled Ali, disse que foi impedido de vê-lo duas vezes na última semana por funcionários da prisão. Isto apesar de obter aprovação, em todas as ocasiões, para visitar o gabinete do promotor.

“Então, o que aconteceu lá dentro? O que foi negociado?”, questiona a tia do activista, a romancista Ahdaf Soueif, no Twitter. “Vamos lembrar que Alaa não tinha ideia do tamanho do apoio à sua volta. Ele está sozinho, na prisão, sem nenhuma informação excepto o que eles escolhem transmitir.”

Voltar a beber água

Numa rara declaração oficial sobre o caso, o ministério público do Egipto disse, na semana passada, que a condição de Abd el-Fattah era boa. A informação foi dada após a família relatar ter sido informada pelas autoridades prisionais de que uma intervenção médica havia sido realizada para mantê-lo vivo.

Na segunda-feira, uma das irmãs disse que Abd el-Fattah afirmou à família que voltou a beber água. Esta mensagem, segundo ela, foi o primeiro sinal de vida em dias. Ele também disse na mesta nota que estava a receber atendimento médico e que os sinais vitais eram satisfatórios.

O blogger e activista destacou-se na revolta do Egipto em 2011, antes de Sisi, então chefe do exército, ter liderado a expulsão do primeiro presidente democraticamente eleito do Egipto, Mohamed Mursi, em 2013. Grupos de direitos humanos dizem que dezenas de milhares de pessoas foram presas desde então, incluindo islamistas, esquerdistas e liberais. Sisi e os seus apoiantes dizem que a segurança e a estabilidade são primordiais.

O conselheiro de segurança nacional dos EUA, Jake Sullivan, disse após a reunião de Biden, na sexta-feira, que Washington estava a envidar todos os esforços não só para para garantir a liberdade de Abd el-Fattah, mas também “a libertação de vários outros prisioneiros políticos” no Egipto.