Ilda Figueiredo defende fim da NATO e quer PCP apostado na imagem antiguerra

Comunistas tiveram o cuidado de abordar ao mínimo a questão da invasão da Ucrânia pela Rússia durante a conferência nacional, e sempre defendendo uma solução pela via do diálogo.

Foto
Tal como no aniversário do partido, ouviu-se outra vez o lema "Paz sim guerra não" Nuno Ferreira Santos

Acossado, desde Fevereiro, por não ter condenado a invasão da Ucrânia pela Rússia, o PCP tem procurado insistir na ideia de que é contra a guerra e a favor da paz. Na conferência nacional, coube a Ilda Figueiredo assumir a defesa dessa estratégia comunista, mas também pelo fim da NATO, e a antiga eurodeputada conseguiu uma das mais sonoras manifestações da plateia, com os 900 delegados a gritarem pela primeira vez “Paz sim, guerra não”.

“Há que intervir na luta ideológica, combatendo a ideologia dominante, afirmando valores progressistas e humanistas, a paz e o desarmamento, a solidariedade e amizade entre os povos, a justiça social, liberdade e democracia, que são, afinal, objectivos do ideal comunista”, defendeu a antiga eurodeputada. Salientou também que a paz “é uma das grandes conquistas da revolução de Abril, já que foi também nessa altura que se acabou com a guerra colonial.

Tendo em conta a “situação tão complexa” dos últimos tempos, é fundamental para os comunistas apostarem em passar a mensagem da sua posição antibélica e reafirmar o compromisso da luta pela paz e a “condenação da guerra e do que ela implica”.

Ilda Figueiredo defendeu que o partido deve “desenvolver uma autêntica cultura da paz no plano unitário” como as iniciativas que têm sido conjugadas com o Conselho Português para a Paz e Cooperação, com debates, exposições e concertos (este ano já realizou seis), sessões de “educação para a paz nas escolas” e concentrações e manifestações em vários pontos do país. Eventos que a dirigente comunista espera que tenham contribuído para acalmar a “acesa luta ideológica” contra o PCP.

Os comunistas devem, incitou a dirigente do Comité Central, trabalhar a mensagem de que são contra a guerra e pela solidariedade com os povos e países vítimas de conflitos, da opressão, do colonialismo, de bloqueios e sanções - nomeadamente a solidariedade com o Sahara Ocidental, a Palestina e Cuba.

A antiga eurodeputada defendeu ser preciso “travar o aumento das despesas militares e a produção de armamento cada vez mais sofisticado”. Assim como acabar com a “ingerência externa, pôr fim às armas nucleares e aos blocos militares”, nomeadamente dissolvendo a NATO, cujo objectivo é “o oposto da manutenção da paz e da sua defesa”. “É, sim, a continuação e intensificação do confronto, violência e desestabilização, negando e interferindo no direito dos Estados à sua soberania.”

Sem nunca referir o conflito na Ucrânia, Ilda Figueiredo (que foi interrompida duas vezes por um coro de gritos de “paz sim, guerra não") realçou que o que serve aos povos é o “empenho das diplomacias para a resolução de conflitos e a busca de mecanismos para a criação de diálogo”.

Sugerir correcção
Ler 8 comentários