Democratas mantêm controlo do Senado dos EUA com vitória no Nevada
Catherine Cortez Masto derrotou o republicano Adam Laxalt, um ex-procurador-geral do estado que foi apoiado por Donald Trump.
A actual senadora do Nevada foi reeleita e os democratas vão, assim, manter o controlo do Senado dos Estados Unidos da América. A votação foi muito renhida e Catherine Cortez Masto derrotou por muito pouco o republicano Adam Laxalt, um ex-procurador-geral do estado que foi apoiado pelo ex-Presidente Donald Trump.
Com a vitória de Masto, um dia depois de o senador democrata Mark Kelly ter assegurado a reeleição no Arizona, os democratas já asseguraram pelo menos 50 dos 100 lugares no Senado, com a vice-Presidente Kamala Harris a ter voto de desempate.
“A América mostrou que acreditamos na nossa democracia, que as raízes da democracia são profundas e fortes”, disse o líder da maioria democrata no Senado, Chuck Schumer, em conferência de imprensa. “O povo americano rejeitou os republicanos extremistas MAGA”, disse o senador, referindo-se ao slogan de Donald Trump, Make America Great Again, que foi adoptado como lema dos que o apoiam e de quem o ex-Presidente apoiou nesta corrida eleitoral.
Catherine Cortez Masto foi a primeira mulher hispânica a ser eleita para o Senado, em 2016, e esteve atrás do adversário durante quase toda a contagem de votos. Mas com o início do escrutínio no condado de Clark, que inclui a cidade de Las Vegas e é tradicionalmente democrata, conseguiu passar para a frente e tem neste momento, quando ainda falta contar menos de 5% dos votos, uma vantagem de cerca de seis mil votos para Adam Laxalt.
Apesar de a margem ser curta — 0,7 pontos percentuais —, a maioria dos boletins ainda por contabilizar provém desse condado, razão pela qual a Associated Press projectou a vitória de Masto.
Adam Laxalt tinha já reconhecido no Twitter que “a janela de vitória estava a ficar reduzida” e deu a entender que não pediria recontagem de votos nem faria alegações de fraude eleitoral, como o próprio fez em 2020, a propósito da derrota de Donald Trump. Nos últimos dias, o ex-Presidente chamou “corrupto” ao processo eleitoral do Nevada.
A contagem de votos está a demorar mais neste do que noutros estados sobretudo por causa do sistema de votação por correio criado pelo parlamento estadual em 2020, que exige que os condados aceitem os votos colocados no correio no dia da eleição (terça-feira) se chegarem até quatro dias depois (sábado).
Com o controlo do Senado, os democratas garantem um processo mais suave nas nomeações do executivo e na escolha de juízes, incluindo aquelas para possíveis lugares no Supremo Tribunal, nos dois últimos anos do mandato do Presidente Joe Biden. Decidida a corrida no Nevada, falta eleger o senador pela Georgia. Se o democrata Raphael Warnock vencer a segunda volta naquele estado do Sul, a 6 de Dezembro, contra o republicano Herschel Walker, a maioria democrata expandir-se-á para 51-49.
Mesmo que isso não aconteça, o Partido Democrata já contrariou as tendências históricas, uma vez que as intercalares costumam ser um momento em que o partido presidencial é “chumbado” nas urnas. Desta vez, mesmo que os democratas percam o controlo da Câmara dos Representantes, a margem para o Partido Republicano não será tão grande como chegou a ser projectado.
Para a Câmara dos Representantes, os republicanos já elegeram 211 deputados e estão mais próximos de chegar à marca dos 218 que garante a maioria, enquanto os democratas têm 204 lugares já assegurados. Ainda há uma vintena de círculos eleitorais com votos por contar.
No Nevada, além da reeleita senadora, os democratas venceram as eleições em três dos quatro círculos para a Câmara dos Representantes, mas não conseguiram a reeleição do governador. Steve Sisolak perdeu a corrida para Joe Lombardo, antigo xerife de Las Vegas, que foi oficialmente apoiado por Donald Trump.
Mas os democratas conseguiram outra importante vitória no Nevada, ao eleger o seu candidato para secretário de estado, um cargo que supervisiona os processos eleitorais. Do lado republicano, concorria Jim Marchant, membro fundador da plataforma “América Primeiro”, de que faziam parte vários candidatos que alegam que a eleição presidencial de 2020 foi fraudulenta e que o seu legítimo vencedor foi Donald Trump. Marchant disse abertamente, na campanha, que “quando a [sua] coligação de secretários de estado por todo o país for eleita”, eles “arranjarão o país e o Presidente Trump será eleito outra vez em 2024”.
À excepção de um, no Indiana, todos os candidatos negacionistas a secretários de estado perderam as respectivas corridas.