Morreu Aura, a fêmea de lince-ibérico que ajudou a salvar a espécie

Aura vivia no centro El Acebuche, em Espanha. Teve 14 crias em duas décadas, o que deu origem a 900 exemplares que vivem entre cativeiro e liberdade.

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Existem actualmente 1365 exemplares de lince-ibérico Daniel Rocha/Arquivo

Aura, uma fêmea de lince-ibérico com 20 anos e seis meses, morreu em El Acebuche, em Doñana, Espanha, no centro de reprodução onde vivia.

Era o lince mais velho do centro e também o que detinha o recorde de mais descendentes: teve 14 crias em duas décadas, o que deu origem a 900 exemplares divididos em cinco gerações e dispersos entre cativeiros e liberdade.

“Era um animal magnífico, de carácter peculiar e rabugenta, fazia o que queria quando queria”, disse Antonio Rivas, coordenador do centro El Acebuche ao El País. Rivas acompanhou a vida de Aura, que chegou ao zoo Jerez de la Frontera em Abril de 2002, com um mês de vida. Pesava 700 gramas e era produto de um programa que visava acelerar a reprodução do lince, numa altura em que só restavam cem exemplares na Península Ibérica.

Ao Guardian, Rivas disse que quando Aura nasceu “a espécie estava em risco de extinção”. “Agora que morreu, 20 anos mais tarde, há 14 centros em Espanha e Portugal, com 1365 animais. É um legado fenomenal e ela fez um grande trabalho.”

Aura viveu mais do que o que vivem normalmente os linces — não costumam viver mais do que 15 anos em liberdade e é muito raro alcançarem as duas décadas em cativeiro. Rivas conta, citado no mesmo texto, que era “muito fácil trabalhar com ela”.

O centro El Acebuche conta com 30 exemplares de lince-ibérico, uma espécie de salvaguarda para garantir a continuidade da espécie. Tiveram de se despedir de Aura que, há duas semanas, foi eutanasiada para evitar o seu sofrimento físico. O corpo foi trasladado para o Centro de Análises e Diagnóstico de Fauna Saudável, em Málaga.

Notícia actualizada às 15h08 de 10 de Novembro de 2022: foram acrescentadas declarações de Antonio Rivas ao Guardian.