Nissan X-Trail quer vingar como um sete lugares electrificado
A nova geração do SUV traz mecânica eléctrica alimentada por um motor a combustão. Na versão com dois motores, que pode ser equipada com dois lugares extras, admite passeios por caminhos tortuosos.
Já há muito que o X-Trail abandonou os ares de todo-o-terreno, preferindo palmilhar o caminho dos SUV com apetências familiares, o que não significa que esteja menos apto a enfrentar caminhos difíceis. Ou pelo menos foi isso que a Nissan quis demonstrar, numa pista preparada nos arredores de Ljubljana, Eslovénia, para colocar o carro sob pressão, passando por situações em que, por exemplo, a perda de aderência numa roda (ou até em duas em simultâneo) não comprometeu a segurança.
As acrobacias foram possíveis por se ter em mãos um modelo da versão e-4orce, que, graças à inclusão de um segundo motor eléctrico no eixo traseiro, oferece tracção integral. Não nos deixemos, porém, enganar: por estarmos a falar em motores eléctricos, isso não significa que se esteja perante um carro eléctrico.
A Nissan volta com o X-Trail a apostar num esquema mecânico que coloca a electricidade a servir energia às rodas sem que seja a energia primária. Ou seja, a marca nipónica optou por criar um grupo propulsor que usa o motor a gasolina (o 1,5 litros turbo com potência de 150kW ou 204cv) para gerar a energia necessária para alimentar o motor eléctrico que a passa às rodas.
Para tal, e à semelhança do que já apresentara com o Qashqai, a Nissan anulou a ligação do bloco movido a combustíveis fósseis às rodas, adoptando uma arquitectura mais próxima da que se encontra nos plug-in, sem transmissão, o que faz com que a resposta ao pisar do acelerador seja extremamente directa e sem o ruído de uma caixa de variação contínua — só que, no lugar da ficha, está o motor a gasolina e o gerador. Mais: a energia, em vez de ser enviada para a bateria, segue directamente para o inversor, sendo a partir daí distribuída entre o motor eléctrico, que transmite energia ao eixo dianteiro, e o carregamento da bateria (no caso dos híbridos de ligar à corrente, a energia ruma da bateria para o motor eléctrico, passando pelo inversor).
O resultado é uma condução mais silenciosa do que a encontrada num comum híbrido, mas sobretudo muito poupada, tendo em conta o peso do automóvel. E vai mais longe na versão e-4orce, na qual um motor eléctrico no eixo traseiro faz crescer a potência combinada para 213cv, admitindo uma aceleração de 0 a 100 km/h em sete segundos. A versão de dois motores, sublinha a marca, permitiu ainda criar um equilíbrio de pesos e oferecer constante redistribuição de binário (a Nissan fala numa resposta dez mil vezes mais rápida do que num sistema mecânico de quatro rodas motrizes), o que torna o carro especialmente seguro em situações de chuva, gelo ou neve, mas também noutras em que o piso se apresenta simplesmente húmido.
É muito provável que a utilização do novo X-Trail para passeios off-road seja a excepção. Mas a variante e-4orce poderá ser apetecível para as famílias, já que, com este grupo propulsor, é possível escolher o automóvel com sete lugares. Os dois bancos da terceira fila serão mais indicados para crianças ou pessoas de baixa estatura, mas o facto de a segunda fila deslizar sobre calhas permite um conforto extra a quem ocupar os espaços. As calhas servem ainda para escolher entre espaço para passageiros e carga: com a segunda fila posicionada a meio, num compromisso entre as duas coisas, a mala arruma até à chapeleira 575 litros. Com a terceira fila de bancos montada, há espaço para 160 litros.
O Nissan X-Trail e-Power, apenas configurável com cinco lugares, é proposto a partir de 49.000€, enquanto o e-4orce apresenta-se por mais 2250€ (com sete lugares, o preço arranca nos 52.050€).