É com base na quantidade de emissões de gases com efeito de estufa que os países lançaram já para a atmosfera que se calcula quanto deveriam contribuir para o objectivo de canalizar cem mil milhões de dólares anuais para os países em desenvolvimento para lidar com as alterações climáticas. Os Estados Unidos, Canadá e Austrália estão entre os que mais emitiram e menos cumprem a sua parte. E curiosamente, nesta análise do site britânico Carbon Brief, Portugal também não fica nada bem na fotografia.
Os Estados Unidos são responsáveis por 52% das emissões históricas na atmosfera da lista dos desenvolvidos ou industrializados que estão obrigados legalmente a financiar acções pelo clima, nos termos da Convenção-Quadro das Nações Unidas para as Alterações Climáticas. Se os EUA tivessem pago a “parte justa” que lhes cabe pela quantidade de emissões que têm, deviam ter mobilizado 39.900 milhões de dólares em 2020. Mas na realidade só deram 7600 milhões – o que é 19% da contribuição devida.
Portugal, nesta análise da Carbon Brief, deu cem milhões de dólares, o que significa que deu 70% do que deveria, correspondendo às suas emissões. Está no último lugar do grupo dos países não cumpridores, junto com os EUA, Canadá, Austrália, Reino Unido, Grécia e Nova Zelândia (por ordem decrescente). O país que deu mais se comparado com o que são as suas emissões na atmosfera foi a Suíça: deu 436% mais.
O objectivo de dar cem mil milhões de euros para acções de mitigação e adaptação às alterações climáticas em países em desenvolvimento, que costumam ser os mais vulneráveis às alterações climáticas, foi estabelecido em 2009 e deveria ser cumprido até 2020. Nunca foi cumprido em ano algum, até agora, mas entretanto a meta foi adiada para 2025. Há esperança de que possa ser alcançada em 2023.
Japão, França e Alemanha deram muito mais do que lhes competiria dar, de acordo com as suas emissões (têm um excedente de 7500 milhões, 6600 milhões e 2600 milhões, respectivamente). Só que estas ajudas são normalmente sob a forma de empréstimos, geradores de dívida, e não doações ou subsídios. Há um movimento a pedir que o sistema seja invertido, e estes apoios passem a ser outorgados de formas que não penalizem com dívida os países que os recebem.
Segundo a análise, 86% das contribuições do Japão para a acção climática nos países mais vulneráveis passa por empréstimos, 75% para a França e 45% para a Alemanha. Para Portugal, um dos países que não dão o que lhes caberia em comparação com as suas emissões, o estimado pela Carbon Brief é que 9% dos apoios que dá sejam sob a forma de empréstimos.