Ondas de calor podem matar 90 mil europeus por ano até 2100

A previsão da Agência Europeia do Ambiente é feita num cenário de inacção climática, ou seja, caso os líderes mundiais não consigam limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius.

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Turista refresca-se numa fonte em Roma, na Itália, durante o último Verão EPA/GIUSEPPE LAMI

Estima-se que 90 mil europeus podem morrer todos os anos por causa das ondas de calor até ao final do século, alertou esta quarta-feira a Agência Europeia do Ambiente (AEA). Esta previsão é feita num cenário de inacção climática, ou seja, caso os líderes mundiais não consigam limitar o aquecimento global a 1,5 graus Celsius.

Sem medidas de adaptação, e no quadro de um cenário de aquecimento global de três graus centígrados até 2100, 90 mil europeus podem morrer por causa das ondas de calor em cada ano”, referiu a agência. “Com um aquecimento de 1,5.ºC pretendido pelo Acordo de Paris, este número é reduzido para 30 mil mortes anuais”, realçou a entidade, baseada em um estudo publicado em 2020.

Os alertas foram dados esta quarta-feira por ocasião da apresentação do relatório Alterações Climáticas como uma ameaça à saúde e ao bem-estar na Europa: foco no calor e nas doenças infecciosas.

Entre 1980 e 2020, cerca de 129 mil europeus morreram por causa do calor, com uma forte aceleração no período mais recente. Na segunda-feira, a representação da Organização Mundial de Saúde na Europa anunciou que pelo menos 15 mil mortes na Europa estiveram directamente ligadas às vagas de calor de 2022.

Um relatório do Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC, na sigla em inglês) publicado este ano revela que Portugal está entre os países mais vulneráveis na União Europeia. É no Sul da Europa que os episódios de seca hidrológica e as ondas de calor poderão ter uma expressão maior por razões meteorológicas. É nesta região, de resta, onde já são registadas temperaturas mais elevadas que o Norte da Europa.

Temperaturas muito altas constituem um perigo para a saúde pública, podendo não só causar stress térmico, exaustão pelo calor, desmaios e edemas. Os grupos mais vulneráveis são as crianças, os idosos e os pacientes com doenças crónicas como hipertensão ou diabetes. As ondas de calor podem ainda agravar estes problemas existentes e até provocar a morte.