Cáritas recebe mais pedidos de ajuda de pessoas que têm emprego

Além de desempregados e pensionistas , acorrem trabalhadores. A rede nacional dá mesmo nota de “uma tendência comum para um aumento da procura por parte de famílias em situação de empregabilidade”.

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As doações que chegam à Cáritas têm vindo a diminuir Paulo Pimenta

A rede nacional Cáritas lançou esta terça-feira um alerta para o impacto das “sucessivas crises no bem-estar das famílias”. Os pedidos de ajuda que lhes chegam estão a crescer e as doações a diminuir.

O valor da habitação já estava a crescer de forma acelerada. À crise de saúde pública associada à pandemia de covid-19 sucedeu-se a Guerra na Ucrânia e o aumento generalizado dos preços.

Pelas contas da rede nacional, formada pelas 20 Cáritas Diocesanas e múltiplos grupos locais, unidos na Cáritas Portuguesa, numa família formada por dois adultos e uma criança, que procura o mais barato, “o orçamento alimentar básico mensal aumentou 45 euros ao longo do último ano”.

“O aumento das despesas de primeira necessidade (incluindo combustíveis, saúde, educação, comunicação, água, rendas, electricidade e vestuário) terá sido mais do dobro.”

No entender daquelas organizações, as medidas públicas previstas para “acudir às situações de emergência geradas pela inflação” não são capazes de cobrir o real aumento do custo de vida. Esse desfasamento acaba por recair nas instituições de solidariedade social.

Os diversos serviços espalhados pelo país, numa lógica de proximidade, confrontam-se com “um aumento generalizado dos pedidos de ajuda”. Não são só desempregados e pensionistas e seus descendentes. Também há trabalhadores precários e trabalhadores com vínculo laboral. Aliás, “há uma tendência comum para um aumento da procura por parte de famílias em situação de empregabilidade.”

“O acesso à habitação constitui uma das principais dificuldades para a integração de pessoas vulneráveis”, diagnosticam. A começar por sem abrigo, famílias com baixos rendimentos, estudantes. “Não há medidas políticas nem estratégias que permitam vislumbrar soluções no curto prazo.”

O perfil diversificou-se, reflectindo os actuais fluxos migratórios. Tem havido “um aumento generalizado de famílias de outros países”. E a rede nacional Cáritas manifesta preocupação com “a pressão que os pedidos de apoio de estrangeiros, imigrantes e refugiados coloca” sobre si própria e sobre as comunidades locais, já que há “tensão sempre que os recursos escasseiam”.

Ao mesmo tempo que as necessidades aumentaram, a rede nacional assiste a “um decréscimo de disponibilidade por parte dos doadores”. Neste momento, também “luta para dar resposta ao aumento das solicitações, à sua diversidade e, por outro lado, ao aumento dos custos de gestão”.

Na nota esta terça-feira emitida diz Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa: “Como Cáritas, acreditamos que uma parte fundamental do nosso trabalho se faz nas relações de proximidade e apesar das dificuldades continuaremos a procurar caminhos eficazes para inverter as situações de vulnerabilidade e dar às famílias a quem servimos um olhar de esperança sobre o futuro.”

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