Montenegro aguarda serenamente investigações a Rodrigo Gonçalves
O líder do PSD não toma decisões sem conclusões, mas se as suspeitas se confirmarem, sugere que afastará Rodrigo Gonçalves.
Luís Montenegro, líder do PSD, afirmou na tarde desta terça-feira que aguarda com “serenidade e vontade” as conclusões da Polícia Judiciária (PJ) relativas ao caso de Rodrigo Gonçalves, vogal da sua comissão política nacional (CPN).
Aos jornalistas, em Ponte de Lima, o antigo líder parlamentar social-democrata não concretizou se expulsará Rodrigo Gonçalves da sua CPN caso este seja constituído arguido. Deu-o, todavia, a entender: “Se entendermos que não há autoridade política para [Rodrigo Gonçalves] exercer funções, agiremos em conformidade.”
Luís Montenegro disse ter muito presente “o que quer para o seu partido”, notando ser “indiscutível que a criminalidade em investigação é grave”. Apesar disso, afirmou não estar abalada a confiança política que tem no seu vogal, uma vez que tal “seria injusto”, pois tratar-se-ia de um “juízo predefinido”.
Insistiu, sobretudo, nas investigações, que “devem ser levadas até às últimas consequências”, para, aí sim, avaliar eventuais “implicações políticas”. “Mal tenhamos informação, seremos muito rápidos a dar-vos nota sobre a decisão”, garantiu aos jornalistas.
Na manhã desta terça-feira, a sede do grupo imobiliário SIL, no qual Rodrigo Gonçalves é consultor há vários anos, foi alvo de buscas pela PJ, sendo que as mesmas se concentraram no escritório do social-democrata. A PJ realizou também buscas na Câmara Municipal de Oeiras, que em conjunto com o grupo SIL detém o megaprojecto imobiliário Porto Cruz. Rodrigo Gonçalves é suspeito de facilitar este projecto.
Note-se que, entre outros cargos, Rodrigo Gonçalves foi presidente da Junta de Freguesia de Benfica entre 2005 e 2013 e líder da concelhia do PSD de Lisboa. Apesar de envolvido num conjunto de polémicas, Luís Montenegro decidiu chamá-lo para a sua CPN, em Julho.
Além de Rodrigo Gonçalves, também Daniel Gonçalves, seu pai, Isaltino Morais, histórico autarca de Oeiras, e a Câmara de Odivelas estão a ser investigados no âmbito do processo aberto em 2017. O primeiro enquanto presidente da Junta de Freguesia das Avenidas Novas (Lisboa), o segundo enquanto presidente da Câmara de Oeiras e a terceira porque emprega, no departamento jurídico, a mulher de Rodrigo Gonçalves.
As suspeitas prendem-se com crimes de corrupção, participação económica em negócio, peculato, tráfico de influências e prevaricação relacionados com projectos de empresas e imóveis, assim como contratações fictícias de prestações de serviços, por ajuste de directo, por parte de autarquias.