Um fotógrafo captava um surfista — e um tubarão meteu-se na foto

A fotografia foi captada durante uma competição de surf na Califórnia. O surfista não se apercebeu da presença do animal, que saltou da água e voltou a mergulhar. “É uma fotografia num milhão”, diz.

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Na foto de Jordan Anast, um tubarão-branco surge atrás de um surfista Jordan Anast

Os grandes tubarões brancos percorrem o oceano à procura de focas e leões-marinhos antes de virem à tona para atacar, matar e mergulhar novamente no mar. São os maiores peixes predadores do mundo. Nadam a mais de 56 quilómetros por hora e trituram as suas presas com 300 dentes serrilhados e pontiagudos.

Durante séculos, estes animais têm atormentado a imaginação popular que os vêem como sanguinários devoradores de homens.

Agora, podem acrescentar mais uma coisa ao currículo – são uns extraordinários photobombers.

Na manhã de sábado, dia 22 de Outubro, o fotógrafo freelancer Jordan Anast apontou a câmara ao surfista profissional Tyler Warren durante a competição do San Onofre Surfing Club, na Califórnia. Enquanto fotografava Warren, um grande tubarão-branco emergiu da água. O animal fez uma aparição de dois segundos atrás do surfista antes de voltar a mergulhar.

Anast, que cobre eventos desportivos no Sul da Califórnia há mais de 20 anos, captou o momento – uma justaposição de homem e animal, lado a lado, ambos com objectivos muito diferentes, aparentemente sem perceberem a presença um do outro.

Mas a fotografia está a deixar o fotógrafo incomodado. Segundo Anast, a atenção que está a receber tem sido constante durante os últimos tempos. “É uma loucura”, afirmou.

Nesse dia, tanto Anast como Warren chegaram a San Onofre State Beach por volta das 10h, mais precisamente à zona de Old Man's. Anast começou a tirar fotografias aos surfistas que preparavam as pranchas e entravam na água, aos que estavam a surfar, a competir com outros participantes, a passar tempo com os filhos e às pessoas sentadas na praia, que assistiam a tudo.

Pouco tempo depois, às 11h02, enquanto fotografava um surfista que mais tarde viria a descobrir ser Warren, Anast viu alguma coisa através do canto do olho. No início, pensou que era um golfinho enorme, o que não teria sido invulgar. Durante todos estes anos a fotografar competições de surf, este fotógrafo captou muitos golfinhos – sozinhos, a saltar sobre surfistas, a derrubá-los das pranchas.

“Tudo”, revela, mas “nunca um tubarão”, acrescenta.

Só quando olhou para o ecrã da Canon EOS R5 é que se apercebeu o que tinha acabado de fotografar – o arco do corpo de um grande tubarão branco a sair do oceano, a saltar no ar e depois a mergulhar de novo na água. No primeiro plano, Warren estava a surfar uma onda. “Fiquei simplesmente espantado”, declarou.

Warren, que já faz surf profissional há 14 anos e constrói pranchas há mais de duas décadas, disse não se ter apercebido do tubarão. Estava a apanhar a segunda ou terceira onda da ronda e estava a cerca de metade do percurso quando ouviu as pessoas a aplaudirem na praia. Apesar de os festejos serem mais altos do que o normal, o surfista não pensou muito nisso. Estava concentrado no tempo – a ronda era de 15 minutos –, por isso focou-se em apanhar outra boa onda. Só depois de os aplausos terem terminado e de ele ter chegado à costa é que uma mulher se aproximou dele e lhe disse que um fotógrafo o tinha estado a fotografar.

“Não vais acreditar na fotografia”, disse a mulher. Depois, descreveu-a: “Estás a surfar e há um enorme tubarão a saltar atrás de ti”, recorda o surfista.

De seguida, Warren foi ter com Anast e pôde comprovar que foi exactamente isso que aconteceu.

Sem se deixar afectar pelo corpo branco do animal, mesmo que este apareça em segundo plano na fotografia, Warren voltou a entrar na água. Os confrontos com tubarões são raros, garantiu, mesmo em San Onofre, onde convivem com os banhistas há décadas.

O surfista prefere concentrar-se em apanhar uma boa onda. “Geralmente não costumo pensar nos tubarões porque podemos simplesmente entrar em pânico”, explicou.

Anast e Warren dizem ter ficado surpreendidos pela fama repentina. Depois de a imagem ter aparecido em ecrãs a milhares de quilómetros de distância, o surfista recebeu chamadas de pessoas de todo o país. O irmão contactou-o depois de o ter visto nas notícias na Florida. A irmã fez o mesmo a partir do Texas. O tio, do Arizona. Quando ele sai para apanhar ondas, outros surfistas e banhistas fazem-lhe perguntas e comentários sobre “aquela foto do tubarão”.

“Chegou a um ponto em que parece simplesmente exagerado. Todas as pessoas que vejo, que conheço e não conheço falam dela”, disse, embora tenha reconhecido que a fotografia é algo que provavelmente vai recordar dentro de uma década ou duas, não só com espanto, mas também com agrado. “É definitivamente uma fotografia num milhão”, afirmou.

Anast, por sua vez, guardou 2,5 milhões de fotografias ao longo das décadas de carreira, mas só tem uma de um surfista com um grande tubarão-branco. O fotógrafo acredita que é a única que alguma vez vai ter – e que qualquer pessoa vai ter. “Simplesmente, não vejo isto a acontecer [outra vez]”, concluiu.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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