A Cimeira do Clima das Nações Unidas (COP27) reúne no Egipto, desde o último domingo, líderes mundiais, especialistas e representantes de quase 200 países. O objectivo das discussões é manter viva a meta prevista no Acordo de Paris, que consiste em limitar a subida da temperatura global a até 2 graus Celsius, preferencialmente a 1,5 graus. Leia aqui os avisos e ideias de 13 vozes distintas que já marcaram os primeiros dias do evento:
António Guterres, secretário-geral das Nações Unidas
“As emissões de gases de efeito estufa continuam a crescer. As temperaturas globais continuam a subir. E o nosso planeta está a aproximar-se rapidamente de pontos de inflexão que tornarão o caos climático irreversível”.
“Estamos numa auto-estrada para o inferno climático, com o pé no acelerador.”
Kristalina Georgieva, directora executiva do Fundo Monetário Internacional
“A menos que criemos um preço previsível para o carbono, numa trajectória que nos leve ao preço médio de pelo menos 75 dólares por tonelada de carbono em 2030, simplesmente não estamos a incentivar as empresas e os consumidores a mudar”.
Mohammed Bin Zayed Al-Nahyan, Presidente dos Emirados Árabes Unidos
“Os Emirados Árabes Unidos são considerados um fornecedor responsável de energia e continuarão desempenhando esse papel enquanto o mundo precisar de petróleo e gás.”
William Ruto, Presidente do Quénia
“As COPs têm longas discussões com tácticas paralisantes, de atraso e procrastinação, que dificultaram a implementação e a concretização, e são simplesmente cruéis e injustas. Não podemos nos dar ao luxo de passar mais tempo contornando problemas reais. E devemos romper com discussões intermináveis e focadas no processo em que estamos presos.”
“Diante de uma catástrofe iminente, cujos sinais de alerta já são insuportavelmente desastrosos, a acção lenta é imprudente. Não agir é perigoso.”
Macky Sall, Presidente do Senegal e da União Africana
“Mesmo que a África contribua com menos de 4% dos gases de efeito estufa, isto constitui um desenvolvimento com baixo carbono, resiliente às mudanças climáticas, em direcção à meta de neutralidade de carbono num prazo razoável. Somos a favor de uma transição verde que seja equitativa e justa, em vez de decisões que comprometam o desenvolvimento africano, incluindo o acesso universal à electricidade da qual 600 milhões de africanos continuam privados”.
Mia Mottley, Primeira-ministra de Barbados
“Como é que as empresas ganharam 200 mil milhões de dólares [valor próximo em euros] em lucros nos últimos três meses e não esperam contribuir com pelo menos 10 centavos de cada dólar de lucro para um fundo de perdas e danos? Isso é o que o nosso povo espera.”
Al Gore, ex-vice-presidente dos Estados Unidos
“Todos nós temos um problema de credibilidade: estamos a conversar e começar a agir, mas não estamos a fazer o suficiente.”
“Devemos ver a chamada ‘corrida pelo gás’ como ela realmente é: uma corrida em direcção a uma ponte que vai dar a lugar nenhum, deixando os países a enfrentar o caos climático e mil milhões em activos ociosos, especialmente aqui na África.”
“Temos que ir além da era do colonialismo dos combustíveis fósseis.”
Emmanuel Macron, Presidente da França
“Mesmo que o nosso mundo tenha mudado, a questão climática não pode ser um contrapeso da guerra desencadeada pela Rússia em solo ucraniano [...] os países devem continuar a cumprir todos os seus compromissos”.
Faustin Archange Touadera, Presidente da República Centro-Africana
“Devemos dizer claramente que os países ricos – os maiores poluidores – são os maiores culpados por colocar em risco a humanidade.”
Rishi Sunak, primeiro-ministro britânico
“A segurança climática anda de mãos dadas com a segurança energética, a guerra abominável de Putin na Ucrânia e o aumento dos preços da energia em todo o mundo não são motivos para desacelerar a acção climática.”
Ma’ruf Amin, vice-presidente da Indonésia
“Um ano após Glasgow, não houve progresso global significativo. Por esta razão, a COP27 deve ser usada não apenas para aumentar a ambição, mas também a concretização, incluindo o cumprimento do apoio de países desenvolvidos a países em desenvolvimento.”
Faisal Naseem, vice-presidente das Maldivas
“As mudanças climáticas estão a refazer o mundo. É nossa responsabilidade, e a razão por que estamos aqui reunidos, garantir que o mundo refeito seja equitativo, justo e permita que todos nós vivamos bem”.
Mark Rutte, primeiro-ministro dos Países Baixos
“A acção que colocámos em prática até agora foi insuficiente e pecou por tardia. Já passámos do ponto de novas ambições e promessas. Precisamos intensificar e cumprir rapidamente as promessas que já fizemos.”
“Os países vulneráveis estão preocupados com as perdas e danos causados pelas emissões de outros países. Essa é certamente a realidade para nossos amigos e parceiros africanos. A eles, digo que ouço seu apelo por maior solidariedade. O continente africano está na linha de frente de uma emergência climática que não criou”.