António Costa leva as emissões de CO2 causadas pelos fogos florestais à COP27

No discurso na Cimeira do Clima, no Egipto, o primeiro-ministro sublinhou ainda que Portugal está a estudar a viabilidade da antecipar o objectivo de atingir a neutralidade carbónica para 2045.

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António Costa falou esta terça-feira na Cimeira do Clima Paulo Vaz Henriques/Gabinete do primeiro-ministro

O primeiro-ministro António Costa levou a preocupação com as emissões de gases com efeito de estufa causadas pelos incêndios florestais à Cimeira do Clima (COP27) em Sharm-el-Sheik, no Egipto, nesta terça-feira. “Estima-se que 6% das emissões mundiais de dióxido de carbono (CO2), ou 1,9 mil milhões de toneladas de CO2, resultem de incêndios de causa humana. Em anos mais extremos, pode chegar a representar 20%”, enumerou o primeiro-ministro.

“Esta realidade nem sempre abordada é neste fórum, mas é da maior importância para a redução de emissões e para a capacidade de a floresta desempenhar o seu papel de sequestro de carbono”, sublinhou o primeiro-ministro português, no seu discurso na COP27.

Para aprofundar esta questão, Costa anunciou que em 2023 Portugal vai organizar a oitava conferência International Wildland Fire Conference (IWFC, na sigla em inglês). Será no Porto, em Maio. Convidou os países presentes na COP27 a participar e explicou que neste encontro “se pretende construir um referencial do risco de incêndio e um modelo de governança”.

No seu discurso na COP27, António Costa frisou ainda que Portugal está a estudar a viabilidade de antecipar a neutralidade carbónica para 2045, actualmente definido para 2050.

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No seu discurso na COP27, António Costa frisou que Portugal está a estudar a viabilidade de antecipar a neutralidade carbónica para 2045, actualmente definida para 2050.

Reuters,Tiago Lopes

“Desde Glasgow [a COP26, no ano passado], conseguimos antecipar em dois anos o encerramento das nossas últimas centrais a carvão, que já deixaram de funcionar no ano passado e não as vamos reactivar”, comprometeu-se o primeiro-ministro, mesmo perante os actuais cenários de crise energética.

Investir na transição “garante-nos que somos menos dependentes e mais seguros do ponto de vista energético” e Portugal, que iniciou esse caminho há 15 anos, disse, é exemplo disso. “Hoje, as renováveis representam já cerca de 60% da electricidade consumida. Queremos atingir os 80% até 2026”, afirmou António Costa.

“Temos a capacidade e a ambição de passar de importadores de energia fóssil a exportadores de energia verde”, mencionou ainda o primeiro-ministro, que falou no acordo com França e Espanha para a criação de um corredor verde para servir o centro de Europa – com gás natural importado mas, no futuro, com hidrogénio verde.

António Costa deu conta ainda de que forma está Portugal a contribuir para o esforço global de financiamento para a acção climática. “Esta COP, realizada em África, tem de conseguir também dar respostas aos problemas deste continente”, sublinhou o primeiro-ministro.

Acompanhe a COP27 no Azul

A Cimeira do Clima das Nações Unidas é o ponto mais alto da diplomacia em torno das alterações climáticas, onde os países discutem como travar as emissões de gases com efeito de estufa que causam o aquecimento global. Este ano é no Egipto, de 6 a 18 de Novembro. Acompanhe aqui a Cimeira do Clima. 

Recordou que em Setembro passado Portugal assinou um acordo de garantias de 400 milhões de euros com o Banco Africano de Desenvolvimento, para apoiar o investimento nos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP), “em sectores prioritários tais como as energias renováveis”.

“Mas pretendemos fazer mais. No quadro da Estratégia da Cooperação Portuguesa 2030, que estamos a finalizar, teremos um pilar dedicado ao planeta e iremos reforçar em 25% o apoio aos nossos parceiros da cooperação neste domínio”, afiançou o primeiro-ministro.

Costa fez questão de sublinhar que “a gestão sustentável dos Oceanos é também central para a nossa resiliência às alterações climáticas”, e recordou que Portugal organizou este ano, junto com o Quénia, a II Conferência dos Oceanos das Nações Unidas. “Destaco, nesse âmbito, o Fórum de Investimento em Economia Azul Sustentável, no qual foram assumidos compromissos no valor de dez mil milhões de euros”, disse. Esse fórum terá uma nova edição em 2023.