Elon Musk usa Twitter para apelar ao voto no Partido Republicano

Novo líder do Twitter diz ser importante “equilibrar o poder” e lembra que a Presidência já é democrata.

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Elon Musk dirigiu-se aos "eleitores com pensamento independente" Reuters/ADREES LATIF

Elon Musk está a usar o Twitter para apelar ao voto no Partido Republicano. Esta segunda-feira, o novo líder do Twitter, que é seguido por mais de 114 milhões de pessoas naquela plataforma, partilhou uma publicação em que sugere que os “eleitores com pensamento independente” votem no Partido Republicano. O apelo é feito na véspera dos norte-americanos se dirigirem às urnas para as eleições intercalares.

“O poder partilhado reduz os piores excessos de ambos os partidos”, justifica Musk numa breve publicação na rede social. “Por isso, recomendo a votação num Congresso Republicano, visto que a presidência é democrata.” E continua: “Os democratas ou republicanos hardcore [ferrenhos] nunca votam no outro partido, portanto os eleitores independentes são os que realmente decidem quem está no comando.”

A mensagem chega numa altura em que as previsões e sondagens eleitorais não partidárias sugerem que o Partido Republicano tem uma forte hipótese de ganhar uma maioria na Câmara. Musk já admitiu que vai votar no Partido Republicano, mas sublinha que apoia eleitores e políticos moderados de ambos os lados.

Elon Musk assumiu a liderança do Twitter a 28 de Outubro depois de fechar o acordo para a compra do Twitter por 44 mil milhões de euros. O Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, tem sido crítico sobre a nova liderança do Twitter: com Musk a controlar o sistema, Biden acredita que o sistema vai “enviar e vomitar mentiras por todo o mundo”. A opinião foi partilhada na semana passada durante um evento nos EUA.

Musk sempre utilizou o Twitter como uma ferramenta para promover as suas ideias – por vezes, essas ideias, sem filtro, movem mercados e terminam em processos judiciais. As publicações (tweets, na gíria da rede social) incluem apoiar a presidência do músico Kanye West, desafiar o Presidente russo a um duelo pela Ucrânia, e criar lança-chamas.

Em 2018, a entidade que regula o mercado bolsista nos Estados Unidos, a Securities and Exchange Commission (SEC), entregou uma queixa num tribunal judicial de Nova Iorque que punha em causa a actuação do patrão da Tesla quando este publicou uma mensagem no Twitter dizendo que estava a equacionar a hipótese de retirar a empresa da bolsa quando não tinha quaisquer intenções de o fazer. Foi multado 20 milhões de dólares (19 milhões de euros) por ter partilhado informações falsas com os investidores.

Aos olhos de Musk, porém, as pessoas devem poder escrever aquilo que querem na Internet. Desde que revelou a sua intenção de adquirir o Twitter, Elon Musk tem sido criticado por esta visão da liberdade de expressão que desvaloriza a partilha de informação falsa. Em Março, o magnata sul-africano, que também lidera a Tesla e a SpaceX, descreveu-se como um “absolutista da liberdade de expressão” quando recorreu ao Twitter para informar que vários governos lhe estavam a pedir para barrar os seus satélites Starlink de transmitir fontes de notícias da Rússia. “Não o faremos até que nos seja apontada uma arma”, salientou Musk, na altura. “Desculpem ser um absolutista da liberdade de expressão.”