Twitter fecha escritórios e inicia despedimentos

Cerca de 3700 pessoas vão ser despedidas. Funcionários processam a empresa.

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Escritórios do Twitter em Londres, na manhã desta sexta-feira Reuters/HENRY NICHOLLS

O Twitter fechou temporariamente os escritórios esta sexta-feira depois de dizer aos funcionários que estes serão informados no final do dia, por e-mail, se vão ser demitidos. A mudança acontece numa semana de incerteza sobre o futuro da empresa, agora no controlo do novo proprietário Elon Musk.

A empresa comunicou aos funcionários por e-mail que iriam ser informados até às 9h desta sexta-feira (16h00 em Portugal) sobre os cortes de pessoal. “Num esforço para colocar o Twitter num caminho sustentável, passaremos pelo difícil processo de reduzir a nossa força de trabalho global na sexta-feira”, lê-se no e-mail enviado na quinta-feira, visto pela Reuters.

Elon Musk, a pessoa mais rica do mundo, pretende cortar cerca de 3700 funcionários do Twitter — sensivelmente metade da força de trabalho —, enquanto procura reduzir custos e impor uma nova ética de trabalho exigente, de acordo com planos internos consultados ​​pela Reuters esta semana.

O Twitter não respondeu a um pedido de comentário.

Alguns funcionários da rede social manifestaram as suas frustrações com as demissões, usando a hashtag #OneTeam. Na rede social, Rachel Bonn escreveu: “Na quinta-feira passada no escritório de SF (San Francisco), o último dia em que o Twitter foi o Twitter. Grávida de 8 meses e com um bebé de 9 meses. Acabaram de me cortar o acesso ao computador.”

Respondendo ao tópico #OneTeam, o responsável de segurança do Twitter, Yoel Roth, disse: “Tweeps: as minhas DMs [mensagens directas] estão sempre abertas para vocês. Digam-me como posso ajudar”.

Roth foi o executivo mais graduado a enviar uma mensagem pública de apoio aos funcionários que estão a perder o emprego. Na semana passada, Musk apoiou Roth, referindo a sua “alta integridade” depois deste ter sido advertido por tweets críticos ao ex-Presidente dos EUA, Donald Trump, anos antes. Roth não respondeu a um pedido de comentário.

O Twitter disse por e-mail que os escritórios seriam temporariamente fechados e todo o acesso suspenso para “ajudar a garantir a segurança dos funcionários, bem como dos sistemas do Twitter e dos dados dos clientes”.

O escritório da empresa em Piccadilly Circus, Londres, parecia deserto nesta sexta-feira, sem funcionários. No interior, qualquer evidência de que a gigante tecnológica ocupou o prédio foi apagada. A equipa de segurança disse que há reformas em andamento, recusando-se a mais comentários.

A empresa explicou que os funcionários que não foram demitidos serão notificados através dos respectivos endereços de e-mail de trabalho; já os que foram demitidos serão notificados pelo correio electrónico pessoal, disse o memorando.

Alguns funcionários escreveram no Twitter que o seu acesso aos sistemas da empresa foi bloqueado e temiam que isso sugerisse que eles tinham sido demitidos. “Parece que estou desempregado, pessoal. Acabei de ser desligado remotamente do meu computador de trabalho e removido do Slack”, escreveu um utilizador com a conta @SBkcrn, cujo perfil o descreve como ex-gerente sénior de comunidade no Twitter.

Funcionários processam a empresa

Os funcionários moveram uma acção colectiva na quinta-feira contra o Twitter, argumentando que a empresa estava a realizar demissões em massa sem um aviso prévio de 60 dias, violando as leis federais e da Califórnia. O processo também solicita ao tribunal federal de São Francisco que emita uma ordem para impedir que o Twitter solicite aos funcionários demitidos a assinatura de documentos sem informá-los dos trâmites do processo.

Musk pediu às equipas do Twitter para reduzir até mil milhões de dólares os custos da infra-estrutura, de acordo com duas fontes familiarizadas com o assunto e uma mensagem interna do Slack analisada pela Reuters.

O novo director executivo já despediu os altos quadros da empresa, demitindo o presidente executivo e os principais executivos financeiros e jurídicos. Outros, incluindo os que estão na liderança das divisões de publicidade, marketing e recursos humanos da empresa, saíram na semana passada.

A primeira semana de Elon Musk como dono do Twitter foi marcada pelo caos e incerteza. Apenas duas reuniões alargadas foram agendadas na empresa, mas canceladas horas depois. Funcionários disseram à Reuters que obtiveram informações sobre o que se passava na empresa através dos meios de comunicação social, em grupos de mensagens privadas e fóruns.

As demissões, que eram esperadas há muito tempo, arrefeceram a famosa cultura corporativa aberta do Twitter, elogiada por muitos dos seus funcionários. “Se estiver no escritório ou a caminho do escritório, por favor, volte para casa”, disse o Twitter por e-mail na quinta-feira. Pouco depois de receberem esta mensagem, centenas de pessoas inundaram os canais Slack da empresa para se despedir, disseram dois funcionários à Reuters.


Tradução: Pedro Esteves