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TAP recupera e apresenta lucro de 111 milhões no terceiro trimestre

Estratégia de cobertura cambial mais abrangente do que no passado ajudou a companhia aérea a voltar aos resultados positivos. Presidente executiva fala em “visibilidade limitada” para 2023.

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O Governo anunciou a intenção de reprivatizar a TAP Nuno Ferreira Santos

A TAP atingiu um lucro de 111,3 milhões de euros no terceiro trimestre do ano, de acordo com as contas da companhia aérea divulgadas no regulador do mercado de capitais, a CMVM. Segundo o comunicado, este resultado foi “impulsionado pelo forte desempenho operacional e um efeito positivo da implementação de uma política de cobertura cambial mais abrangente, que também reduziu o impacto cambial dos anteriores trimestres de 2022”.

“Esta situação”, diz a companhia liderada por Christine Ourmières-Widener, está relacionada com a estratégia de gestão do risco financeiro, “que visa reduzir a volatilidade dos impactos das variações cambiais”. “Mesmo excluindo” o factor de melhoria na política de cobertura cambial, diz a TAP, o resultado líquido “permanece positivo em 31,8 milhões de euros. No terceiro trimestre do ano passado, a empresa teve um prejuízo de 134,5 milhões. O lucro deste terceiro trimestre leva a que, no acumulado dos nove meses de 2022, o prejuízo fique nos 90,8 milhões de euros.

Segundo a TAP, o número de passageiros transportados duplicou nos meses de Julho, Agosto e Setembro face ao mesmo período de 2021, ficando a 85% dos níveis do 2019. Já as receitas operacionais foram “2,5 vezes superiores às do mesmo período do ano passado”, chegando aos 1118,9 milhões e “representando 107% das receitas operacionais” do terceiro trimestre de 2019. “Esta situação foi predominantemente impulsionada pelo aumento das tarifas e maior capacidade, resultando num aumento das receitas do segmento de passageiros”, explica a TAP.

O EBITDA recorrente, diz a companhia, “registou pelo quinto trimestre consecutivo um valor positivo desde o início da crise e alcançou um valor recorde de 280,1 milhões” neste terceiro trimestre.

Últimas ajudas a caminho

Em termos de liquidez, a TAP diz estar com uma posição “sólida” de 775,1 milhões, menos 114,8 milhões face ao final de Junho, “seguindo o padrão de sazonalidade da indústria no que respeita ao consumo de liquidez”. Até ao final do ano, a empresa ainda vai receber mais 990 milhões dos 3,2 mil milhões de ajudas estatais.

“A TAP está a confirmar a solidez do seu desempenho no terceiro trimestre, com todas as métricas financeiras acima dos níveis pré-crise, apesar do aumento dos custos de combustível”, refere a presidente executiva da companhia aérea. A procura para o quarto trimestre deste ano, adianta, “mantém-se bastante forte, suportando as expectativas de um bom resultado acumulado até final do ano”.

Apesar disso, destaca, a “visibilidade para o próximo ano é, no entanto, ainda limitada e, atendendo às incertezas da actual conjuntura, é cada vez mais crucial que mantenhamos o foco no nosso plano estratégico, o qual tem, até agora, provado ser eficaz”. Entre os próximos passos decisivos, Christine Ourmières-Widener refere as “discussões produtivas” com os “parceiros laborais para a criação de acordos colectivos de trabalho mais modernos”.

Neste momento, a TAP está a começar a negociar os novos acordos de empresa com os sindicatos, que irão substituir o que está em vigor até à pandemia e o acordo temporário de emergência (que contemplam, entre outros aspectos, um corte de 25% do salário acima dos 1410 euros). O processo já teve início com os pilotos e, no caso dos tripulantes de cabina, o Sindicato Nacional do Pessoal de Voo da Aviação Civil (SNPVAC) classificou a proposta apresentada pela gestão como “inenarrável” e convocou um encontro de trabalhadores para esta quinta-feira.

“Chegou o momento de a direcção, em conjunto com os seus associados, debater o actual momento da empresa e apresentar as conclusões retiradas pela direcção sobre a proposta de AE enviada pela TAP, além de deliberar eventuais medidas a tomar — não descartando o recurso à greve”, afirmou o sindicato em comunicado.

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