Crítica da razão japonesa
Segunda parte de um programa dedicado ao Japão, um continente no que ao cinema diz respeito, e um continente ainda desconhecido.
O sucesso do primeiro programa dedicado a Mestres Japoneses Desconhecidos, apresentado no ano passado, leva a distribuidora The Stone & The Plot e o programador Miguel Patrício a um segundo tomo. Os três filmes do primeiro programa vinham de meados dos anos 50, e de um modo de produção clássico, industrial, de estúdio. Estes vêm da década seguinte e correspondem a um tempo diferente, o da chegada de uma nova geração ao cinema japonês, e sobretudo o tempo da chegada de um movimento de regeneração, a noberu bagu, a “nova vaga japonesa”, que teve, no final dos anos 50, Nagisa Oshima e Shohei Imamura como locomotivas internacionalmente mais reconhecidas (sendo de notar que, apesar de os próprios japoneses se terem apropriado do termo nouvelle vague / noberu bagu, este movimento começou antes da explosão da nova vaga francesa). São, regra geral, filmes mais “zangados” do que os das gerações anteriores, feitos por realizadores que eram muito jovens durante a guerra, que cresceram nas ruínas do pós-guerra, e com um sentido crítico da sociedade japonesa muito mais exuberante do que o dos mais velhos — como dizia há uns anos Paulo Rocha, falando do choque que foi a descoberta de Oshima, Imamura e demais parceiros de geração, esta vaga de realizadores atirava-se à própria essência formalista do “ser-se japonês” como se a quisesse demolir (algo que a “essência formal” dos filmes têm também tendência a traduzir, como se tratasse igualmente de “desarranjar” as características mais salientes do cinema clássico japonês).
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