Luís Reis Torgal: “A ditadura não foi branda, foi um fascismo à portuguesa”

Numa obra compilada pelo historiador, prova-se que os tentáculos da polícia portuguesa iam às colónias e passavam o Atlântico para vigiar a actividade dos exilados.

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Interior da fortaleza de Peniche, onde funciona o Museu Nacional da Liberdade e Resistência Ricardo Lopes

O título da obra parte de uma referência irónica, a uma entrevista de António Ferro a António de Oliveira Salazar no início dos anos 30 do século passado. Contudo, Brandos Costumes, o Estado Novo e os Intelectuais, coordenado por Luís Reis Torgal, desfaz esta visão. A ditadura tinha polícia política, prisões sem culpa formada, censura, tribunais plenários especiais, interrogatórios, as matracas da força de choque da Legião Portuguesa, torturas e informadores visando as oposições. Havia falsas eleições das quais saía sempre vitorioso o partido único nas suas duas versões — União Nacional e Acção Nacional Popular , o sindicalismo livre era reprimido naquele Estado de corporações e aos funcionários públicos exigido um juramento de fidelidade ao regime. “Activo repúdio ao comunismo e a todas as ideias subversivas”, proclamava.

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