Outono em Ierevan
Tinhas acabado de passar a fronteira arménia, provavelmente clandestino, trazias uma viola e quase nenhuma roupa. E memórias amargas cheias de pressa para chegar a um lugar seguro.
É verdade: o teu nome nada tinha de islâmico. Não evocava nenhum profeta nem qualquer seu augustíssimo familiar. E não te cansavas de te dizeres persa, descendente de Ciro, de Dario. A tua casa, mais do que em Yazd, Isfahan, Shiraz, Ormuz, Mashadd ou Qom, está em Pársagada, em Persépolis. Ou onde ainda arde o fogo de Zaratustra. Retomavas com ênfase: o Islão veio depois, muito, muito depois. Desse facto fez Naipaul, aliás, um dos temas de Beyond belief.
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