FC Porto deixou-se adormecer nos Açores
Um empate a um golo, nos Açores, frente ao Santa Clara, deixa os campeões nacionais em risco de verem os seus rivais mais directos aproveitarem o deslize. Sp. Braga e Sporting também podem aproveitar.
A paisagem açoriana é bucólica e, neste sábado, o FC Porto deixou-se envolver pela melancolia do local para adormecer no jogo frente ao Santa Clara, em São Miguel, e regressar ao continente com menos dois pontos do que contava, fruto do empate a um golo com os insulares.
Mas não foi só o ambiente circundante a contribuir para a sonolência “azul e branca” frente ao antepenúltimo do campeonato. Houve outras circunstâncias que embalaram os “dragões”. Um golo marcado muito cedo no jogo — aos três minutos já a equipa de Sérgio Conceição estava na frente do marcador — a passividade ofensiva do opositor e o pouco tempo de descanso que a maior parte dos jogadores portistas tinha nas pernas, depois de terem quase todos eles jogado três dias antes na Bélgica uma muito mais exigente partida da Liga dos Campeões, fez com que a tentação de tentar gerir uma vantagem curta no marcador até ao final do encontro fosse irresistível.
O FC Porto chegava aos Açores depois de uma semana em que viveu momentos bem distintos. Primeiro perdeu no seu estádio contra o Benfica, atrasando-se na classificação em relação ao líder do campeonato; depois goleou o Club Brugge na Liga dos Campeões e festejou a qualificação para os oitavos-de-final da prova.
Na tentativa de transmitir à sua equipa um sinal quanto à importância que atribuía ao jogo com o Santa Clara, Sérgio Conceição optou por não fazer quase nenhuma alteração ao “onze” que goleou na Bélgica. Apenas Eustáquio, castigado, não voltou a ser titular nos “azuis e brancos”, entrando para o seu lugar Bruno Costa.
Mas esta decisão pode ter sido mais nefasta do que benéfica, já que ao FC Porto faltou sempre intensidade.
Marcar e não festejar
Um golo logo aos 3’, apontado por Fábio Cardoso na sequência de um livre, deu ao FC Porto uma (falsa) sensação de segurança, até porque o Santa Clara foi quase inofensivo durante os primeiros 45’.
O defesa central dos “azuis e brancos” saltou mais alto do que a defesa insular inaugurando o marcador. Mas não festejou o golo em sinal de respeito pelo emblema açoriano, onde jogou três anos antes de se transferir, precisamente, para o Estádio do Dragão.
O Santa Clara era, por esta altura, um adversário submisso e incapaz de incomodar o guarda-redes do FC Porto e foi mesmo a equipa de Sérgio Conceição (que não esteve no banco de suplentes a orientar a equipa por estar a cumprir castigo) que esteve muito perto de dilatar a vantagem. Primeiro Otávio cruzou para um cabeceamento de Evanilson, que obrigou o guarda-redes Gabriel Batista a uma grande defesa (30’) e depois um remate de Otávio passou a rasar o poste direito da baliza do Santa Clara (35’).
A primeira séria ameaça à hegemonia portista chegou só aos 41’, num remate cruzado de Matheus Araújo. Mas Diogo Costa estava atento e resolveu a questão. Um aviso para o que estava para vir.
Na segunda parte, sem nada a perder e apercebendo-se da crescente passividade dos jogadores do FC Porto (exibindo também algum desgaste físico) Mário Silva foi fazendo substituições que deram um pouco mais de ambição (e velocidade) à sua equipa e aos 68’ Gabriel Silva obrigou Diogo Costa a nova grande defesa.
Só que a sete minutos dos 90’ o guarda-redes dos portistas nada pôde fazer para parar um cabeceamento de Boateng, que saltou mais alto do que todos na sequência de um canto e igualou o marcador.
Dormente até esse instante, o FC Porto despertou sobressaltado e foi à procura de impedir o descalabro. Quase o conseguiu. Só que o cabeceamento de Taremi (89’) foi “parado” por uma grande defesa de Gabriel Batista. A “preguiça” “custou” dois pontos.