Fábrica de Unicórnios de Lisboa arranca com investimento de 8 milhões de euros

Assumindo a ambição de tornar Lisboa “a capital da inovação na Europa”, Moedas resumiu em duas palavras o que pretende com a Fábrica de Unicórnios: “crescimento e processo”.

Foto
A Fábrica de Unicórnios, um compromisso eleitoral de Moedas, está instalada fisicamente no Hub Criativo do Beato LUSA/ANTONIO PEDRO SANTOS

O presidente da Câmara de Lisboa lançou esta quinta-feira a Fábrica de Unicórnios, no Hub Criativo do Beato, para potenciar o crescimento de empresas, inclusive apoiar 20 “scaleups” por ano, contando já com um investimento de oito milhões de euros.

“Vamos construir o primeiro grande programa de “scaleups” [empresas em alto crescimento] em Portugal. “Scaleups”, porque queremos fazer as empresas crescer [...]. Vamos multiplicar por seis o budget que tínhamos até agora e conseguir fazer este programa para as empresas crescerem”, declarou Carlos Moedas.

No lançamento oficial da Fábrica de Unicórnios, instalada fisicamente no Hub Criativo do Beato, que contou com a intervenção do director executivo da Startup Lisboa, Gil Azevedo, e do presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, o autarca de Lisboa realçou a importância de “no mundo digital ter um sítio físico”, uma plataforma de programas e hubs, inspirada pelas melhores práticas internacionais, que apoia startups e “scaleups” na criação de produtos e modelos de negócio, desenvolvendo processos eficientes e promovendo parcerias.

Carlos Moedas considerou que o crescimento de empresas “é o maior desafio” que existe em Portugal: “Temos de pôr o país a crescer, temos de ter coragem, audácia para pôr o país a crescer. E a única maneira de pormos o nosso país a crescer é apostar na tecnologia, na ciência, na inovação e conseguir fazer que aqueles que hoje têm ideias possam realmente ter as suas empresas, fazê-las crescer”.

“Confesso que tive sempre a sensação que o Hub do Beato era um bocadinho o amanhã que nunca acontecia, e o meu objectivo era que esse amanhã acontecesse, nem que eu tivesse que andar aqui todos os dias a empurrar e, realmente, foi isso que fizemos durante um ano”, afirmou o presidente da Câmara de Lisboa, lembrando que a Fábrica de Unicórnios foi um compromisso eleitoral que assumiu nas eleições autarquias.

Assumindo a ambição de tornar Lisboa “a capital da inovação na Europa”, o autarca resumiu em duas palavras, “crescimento e processo”, o que pretende com a Fábrica de Unicórnios: “o processo é uma fábrica e o crescimento é um unicórnio”.

“Era realmente esta ideia de fazer um processo, como se entrássemos numa fábrica e, nessa fábrica, fôssemos acompanhados todos os dias por aqueles que sabem mais do que nós, são maiores, são diferentes, e nos podem levar nesse caminho do crescimento”, explicou, indicando que, para tal, será lançado o programa “Scaling Up” que irá apoiar 20 “scaleups” por ano, que foram escolhidas por serem as “melhores”.

O programa conta com o apoio de 30 empresas parceiras e 20 investidores, que podem ajudar no crescimento das “scaleups”, e “vai começar com oito milhões de euros, mas é para acelerar, é para fazer mais”, frisou Carlos Moedas, explicando que esse investimento não é só dinheiro público, porque conta com financiamento do sector privado.

“Conseguimos que empresas que fossem os nossos parceiros estratégicos apostassem na Fábrica de Unicórnios: Google, Galp, Delta, PwC, Fidelidade, Cuatrecasas, BPI, todos eles apostaram e deram dinheiro”, reforçou, antecipando o apoio de mais empresas ao projecto.

Além do “Scaling Up”, o projecto inclui o programa “Soft Landing”, para proporcionar as ferramentas práticas, a informação e os recursos, para simplificar o processo de mudança, ou a expansão de operações para Lisboa, de startups e “scaleups” internacionais.

Os dois novos programas abrem candidaturas durante a Web Summit, em que a Fábrica de Unicórnios vai permitir promover “mais de 1000 oportunidades de parcerias e sinergias”, disponibilizando o acesso a mais de 30 parceiros empresariais, incluindo as maiores empresas portuguesas, unicórnios e grupos tecnológicos globais, e a mais de 20 investidores.

No seu discurso, Carlos Moedas apontou ainda a relutância inicial que houve à sua ideia de lançar uma Fábrica de Unicórnios, que “foi terrível, toda a gente: “O que é que ele está a dizer? Isso nunca vai acontecer. Nunca vai acontecer, mas porque é que ele está com este plano da Fábrica de Unicórnios? Mas que ambição tão grande"”, afirmando que é preciso ser ambicioso.

O director executivo da Startup Lisboa, Gil Azevedo, destacou o percurso da cidade na área da inovação, nomeadamente a criação da Startup Lisboa em 2012, que permitiu criar um ecossistema relevante a nível nacional, e a vinda da Web Summit em 2016, que colocou Lisboa no mapa internacional.

A Fábrica de Unicórnios vai permitir à capital portuguesa “entrar na terceira era de empreendedorismo” e “escalar o ecossistema”, disse Gil Azevedo, indicando que o projecto passa, também, pela criação de uma rede colaborativa de hubs e, “daqui a três anos, conseguir ter um “startup campus"”.

Falando sobre o ecossistema empreendedor de Lisboa, o presidente executivo da Web Summit, Paddy Cosgrave, destacou o impacto da cimeira tecnológica, inclusive ao tornar a capital portuguesa e Portugal no “destino número um do mundo para nómadas digitais ou para trabalhadores remotos”.