Dez boas notícias sobre clima num mundo em crise
Combater a crise climática é dos desafios mais exigentes que a humanidade enfrentou - e as coisas não estão a correr tão bem como poderiam estar. Mas nem toda a esperança está perdida.
Os EUA aprovaram a Lei de Redução da Inflação (Inflation Reduction Act) que, apesar do nome, contém as medidas climáticas mais abrangentes da história americana. Através de créditos fiscais e outros incentivos às energias renováveis, compra de veículos eléctricos e captura e armazenamento de carbono, a lei visa reduzir as emissões de gases com efeito de estufa dos EUA para 40% abaixo dos níveis de 2005 até 2030.
Sevilha está a construir canais subterrâneos alimentados por energias renováveis para ajudar a arrefecer parte da cidade na superfície. O projecto CartujaQanat traz uma tecnologia que era utilizada na Pérsia antiga para a Espanha moderna. Eixos verticais perfurados ao longo dos canais permitem a fuga do ar mais frio, reduzindo a temperatura do ar cada vez mais quente acima da superfície.
A experiência alemã de três meses com transportes públicos super baratos poupou 1,8 milhões de toneladas de emissões de CO2, o equivalente a alimentar cerca de 350.000 casas durante um ano. O bilhete de 9 euros, que incluía viagens a nível nacional em comboios, metro, eléctricos e autocarros, foi concebido para combater a inflação, mas teve um efeito secundário amigo do clima, uma vez que os alemães utilizaram menos os seus carros.
O regulador aéreo da Califórnia aprovou planos para eliminar gradualmente as vendas de veículos movidos a gasolina até 2035, uma estreia mundial (Nova Iorque logo se lhe seguiu). O objectivo inicial do estado é aumentar a quota de vendas de veículos eléctricos para 35% até 2026. A Califórnia espera, então, reduzir a poluição dos automóveis, camionetas e SUV em 395 milhões de toneladas métricas até 2040.
Para proteger os pântanos degradados, o governo britânico proibirá a venda de turfa para utilização como fertilizante em jardins privados e loteamentos até 2024. Para além de filtrar a água, prevenir inundações a jusante e alimentar a vida selvagem, as turfeiras são importantes sumidouros de carbono, ajudando a mitigar o aquecimento global.
A Índia aumentará a sua capacidade de produção de hidrogénio verde para 25 milhões de toneladas anuais até 2047, à medida que se liberta dos combustíveis fósseis. Espera-se que o hidrogénio verde venha a desempenhar um papel importante nos esforços para descarbonizar a indústria pesada e cumprir o objectivo do país de alcançar o zero líquido até 2070. A produção actual da Índia provém de um punhado de projectos-piloto.
A República do Congo estabelecerá as suas três primeiras reservas marinhas no Atlântico, informou uma organização que aconselha o governo. As reservas cobrirão 12% da zona oceânica do país da África Ocidental e protegerão os locais de reprodução utilizados pelas baleias-jubarte e tartarugas-de-couro. As reservas cobrirão também áreas habitadas por tubarões-baleia.
As famílias norte-americanas instalarão este ano um número recorde de sistemas de energia solar para ajudar a reduzir as contas de electricidade, de acordo com uma análise BloombergNEF. As instalações solares residenciais irão aumentar cerca de 5,6 gigawatts em 2022, lideradas pela Florida, Texas, Midwest e Califórnia. Espera-se que os agregados familiares adicionem três vezes mais energia solar este ano do que os proprietários de edifícios comerciais.
A companhia aérea regional sueca Braathens Regional Airlines disse ter operado o primeiro voo de um avião comercial movido inteiramente a combustível sustentável em Junho. O combustível sustentável é visto como a rota mais realista para reduzir as emissões de carbono na aviação, uma vez que os aviões eléctricos e movidos a hidrogénio permanecem a anos de distância. O fabricante de combustível Neste Oyj diz que a sua alternativa reduz as emissões de gases com efeito de estufa em cerca de 80%.
Levadas à quase extinção pela caça à baleia industrial, as baleias do Hemisfério Sul voltaram aos seus locais de alimentação ancestrais na Antárctida em altas densidades, de acordo com um relatório publicado em Julho na revista Nature. A recuperação das baleias é uma boa notícia por si só mas também pode ajudar a restaurar bactérias cruciais para ajudar o oceano a absorver o carbono.