Eneida Marta estreia nas lojas o seu novo álbum, feito em família
Family, o novo álbum da cantora guineense Eneida Marta, chega esta agora às lojas em CD, com apresentação ao vivo nas Fnac, a começar pela do Colombo, esta sexta-feira, às 18h30.
Já estreado nas plataformas digitais, o novo álbum de Eneida Marta chega esta sexta-feira às lojas, em formato físico (CD), no mesmo dia em que a cantora guineense começa uma ronda pelas Fnac a apresentá-lo. Primeiro na Fnac Colombo, às 18h30, sábado no Chiado (17h), domingo em Almada (17h) e terça-feira dia 1 de Novembro em Cascais (17h).
Family, assim se chama o disco, tem dez canções e foi totalmente gravado durante a pandemia. A produção é do seu filho, Ruben Azziz e a co-produção de Gerson Marta, cantor e compositor angolano que é o irmão mais novo de Eneida. Foi, por isso, feito em família e, para dar rosto ao título, a cantora escolheu para capa do disco uma fotografia a preto e branco dos seus pais no dia do casamento. “São eles no carro, a irem para o copo-d’água”, diz Eneida Marta ao PÚBLICO. “E foi nesse mesmo dia que eu fui feita.”
Com mais de 20 anos de carreira, Eneida Marta estreou-se em disco em 2001, com Nô Stória, e tem-se afirmado como uma das grandes e mais escutadas vozes da música guineense, o que é confirmado não só pela na sua extraordinária presença em palco como pelos discos seguintes: Lôpe Kai (2006), Nha Sunhu (2015) e Ibra (2019), em memória do músico guineense Ibrahim Galissá, mestre de korá, que morreu no início de 2019.
A estreia de Family, ou melhor, o seu anúncio, foi feito com o tema Allan Guiné, em Junho deste ano, seguindo-se-lhe Kuma (em Agosto) e Fidalgo, recém-lançado, que aborda um flagelo com que a Guiné-Bissau, e não só, se debate. “São cenários com que infelizmente deparamos por toda a África. Falando da Guiné-Bissau, são mulheres com poucos recursos, sem emprego, que têm filhos para sustentar, e que fazem tudo e mais alguma coisa para conseguirem pôr o pão na mesa.” Como recorrerem à esmola, e é isso que o vídeo, filmado em Bissau, procura ilustrar, encenando esse drama. Fidalgo é da autoria da também cantora guineense Dulce Neves, com mais de 30 anos de carreira.
Já a canção Kuma, diz Eneida, foi a “responsável por tudo isto, por termos o Family. Foi aqui que começou o meu trabalho com o Ruben como produtor”. É uma canção que fala do massacre de Pindjiguiti, em 1959, quando marinheiros, estivadores e trabalhadores das docas foram alvo de uma repressão violenta por parte do regime colonial, anos antes da luta armada na Guiné. Mas o tema aponta ao futuro, mais do que ao passado. “O Kuma é algo interventivo, que retrata os sucessivos golpes de Estado na Guiné-Bissau ao longo dos anos e põe o dedo nessa ferida, para que as pessoas ganhem um pouco de vergonha.”
O disco, que além dos temas já citados, tem ainda Zumbi, Bin sinam, Bissau na n’do, Mininu ou Bai, fecha com duas canções dedicadas a mulheres: Diminga e Mama. “A Diminga é uma vendedeira de rua, que vai vender, faça sol faça chuva, para ganhar o pão e poder dar o melhor aos filhos. É uma história triste que tem um final feliz: os filhos conseguem-se formar e depois são eles a responsabilizar-se por ela.” Já Mama é dedicada à mãe de Eneida Marta, hoje com 74 anos e a viver em Londres há mais de duas décadas. “A minha mãe é uma mulher de garra, uma mãezona para todos, não só para aqueles que ela concebeu. É uma mãe completa, que não deita a toalha ao chão, é uma guerreira e uma batalhadora, cheia de determinação e apaixonada pela vida. É uma mulher imensa.”
Após as apresentações do disco nas lojas, haverá um concerto de apresentação, ainda sem data nem sala certa, mas, segundo Eneida Marta, será apenas em 2023.