EUA, França e Reino Unido dizem que “bomba suja” ucraniana é “desinformação” russa
Moscovo denunciou que Kiev estava a fazer bomba radioactiva em carta ao Conselho de Segurança da ONU e ao secretário-geral, António Guterres.
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O Conselho de Segurança da ONU debateu esta quarta-feira à porta fechada as acusações da Rússia de que a Ucrânia fabricou uma “bomba suja”, alegações rejeitadas por Kiev e pelo Ocidente. Para o embaixador britânico junto da ONU, James Kariuki, as alegações russas são apenas um novo capítulo da desinformação e propaganda russa.
Após uma reunião à porta fechada no Conselho de Segurança das Nações Unidas, em Nova Iorque, para debater as acusações russas, o diplomata do Reino Unido apresentou à imprensa alguns dos detalhes do encontro, indicando que ele, juntamente com os representes da França e dos Estados Unidos na ONU, “foram claros nas suas posições de que tudo não passa de alegações falsas” de Moscovo.
“São alegações falsas. Desinformação como a que vimos antes. Não foi apresentada nenhuma prova. A Ucrânia tem sido clara de que não tem nada a esconder e inspectores da Organização Internacional de Energia Atómica estão a caminho”, disse.
“Temos de ser claros: isto é pura desinformação por parte da Rússia, como já vimos muitas vezes, e isto tem de acabar”, frisou.
Kariuki diz que as três reuniões convocadas esta semana por Moscovo são apenas uma forma de fazer o Conselho de Segurança “perder tempo”.
“A Rússia pediu três reuniões esta semana: a reunião sobre “bombas sujas” de hoje, uma sobre armas biológicas e outra para explicarem porque é que se recusaram a permitir uma inspecção da ONU sobre os drones provenientes do Irão. Estão a fazer-nos perder o nosso tempo com desinformação”, concluiu.
O debate foi pedido pela Rússia, cujo embaixador, Vassili Nebenzia, enviou uma carta ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral da ONU, António Guterres, em que insiste nas acusações à Ucrânia.
Uma bomba radioactiva, ou “bomba suja”, consiste em explosivos convencionais cercados por materiais radioactivos que são disseminados como pó no momento da explosão.
Logo após a reunião, o representante permanente adjunto da Rússia na ONU, Dmitry Polyanskiy, afirmou que saiu “satisfeito” do encontro, uma vez que “conseguiu alertar para a questão”.
“Nós explicamos que uma “bomba suja” não é um dispositivo sofisticado de criar. É muito difícil de detectar a criação destas bombas, mas nós temos informações dos nossos serviços, que partilhamos numa carta enviada ao secretário-geral. Indicamos que há, pelo menos, duas instalações que têm capacidades científicas para fabricar estas bombas na Ucrânia”, disse Polyanskiy aos jornalistas.
De acordo com o diplomata, as duas instalações em causa são o Instituto de Física e Tecnologia de Kharkov e o Instituto de Pesquisa Nuclear da Academia Nacional de Ciências da Ucrânia.
Questionado sobre como é que obteve essas informações, Polyanskiy afirmou que são provenientes dos serviços secretos russos, recusando-se a fornecer mais detalhes.
“Estamos satisfeitos. Conseguimos o que queríamos, que era alertar para esta questão. Claro que os colegas ocidentais dizem que tudo é propaganda russa, mas estamos satisfeitos porque alertámos para a questão”, disse.