A obra de requalificação do Torreão Poente da Praça do Comércio — um dos núcleos do Museu de Lisboa — está parada e, apesar do estaleiro ainda lá estar montado, chove há dois invernos consecutivos dentro deste espaço, contribuindo para a sua degradação.

As obras para a requalificação deste espaço arrancaram há dois anos, mas pararam logo de seguida. “É uma lástima”, classificou a vereadora da Habitação e Obras Municipais, que respondia a questões dos eleitos na Assembleia Municipal de Lisboa, esta terça-feira.

Segundo a vereadora, a obra começou em Agosto de 2020 e está parada desde então. Foram identificadas movimentações das fundações do Torreão, patentes num estudo encomendado ao Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC). Decidiu-se então parar os trabalhos.

“Foi o primeiro Inverno que esteve sem cobertura”, recordou Filipa Roseta. Seguiu-se outro Inverno, novamente com o espaço a apanhar chuva. De acordo com a autarca, foi pedido um “parecer estrutural do património”, recebido em Maio deste ano. Foi decidido continuar com a obra parada e afastar o empreiteiro. “Vamos pôr este mês uma cobertura provisória para [o Torreão] não passar o terceiro Inverno com chuva”, notou Filipa Roseta.

Para a vereadora, os trabalhos previstos para o local foram “demasiado interventivos”. A câmara quer agora fazer um novo programa de obra, que vise a sua “recuperação, reabilitação, conservação e reconstrução exacta e histórica, para não perdermos aquele património”. E, acrescenta a vereadora, “com calma lançar as bases para recuperar aquilo que é um património de todos nós”. Não há, por isso, previsão para o reinício da obra.

O Torreão Poente é um dos cinco núcleos do Museu de Lisboa e, nos últimos anos, acolheu várias exposições temporárias sobre as muitas histórias da capital. No futuro, o município pretende manter a utilização e a programação do Torreão afecta ao Museu de Lisboa, garantiu Filipa Roseta.

Não é a primeira que este espaço é alvo de uma intervenção, uma vez que há anos se sabe que está a afundar-se devido à instabilidade dos solos em que está assente. A situação foi, inclusive, agravada pelas obras do metropolitano, levando a uma intervenção no local, em 2009, com a colocação de “29 estacas de betão com 1,20 de diâmetro até 50 metros de profundidade”, segundo noticiou o Diário de Notícias na altura.