Quase centenária, a Ponte de Arame reergue-se como ícone turístico e elo entre Amarante e Celorico de Basto
As obras de reabilitação e reforço da Ponte de Arame “decorrem a bom ritmo”, anuncia-se. Na Primavera, a estrutura, “símbolo de memória” dos dois concelhos e que data de 1926/7, deverá estar apta a reassumir o seu papel de elo de ligação, até com o turismo de natureza.
As obras começaram em Setembro e, por fim, vão devolver a Ponte de Arame aos concelhos de Amarante e Celorico de Basto, que colaboram no projecto com a Associação de Municípios do Douro e Tâmega.
Construída em 1926/7, a ponte, no lugar de Lourido, está agora a ser reabilitada e reforçada. Objectivo: dotá-la das “condições de segurança necessárias ao seu funcionamento”, resume em comunicado a associação.
Os trabalhos são realizados com monitorização do Instituto da Construção da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, "tendo como base o levantamento 3D da ponte e o seu registo fotográfico aéreo”. A adjudicação da obra, iniciada em Setembro, foi feita “à empresa Crismaga, Lda. pelo valor de 281.037,90 euros, ao qual acresce IVA, com um prazo de execução de 180 dias”.
Os trabalhos efectuados passam pela “preparação de plataformas de trabalho nas margens direita e esquerda”, pelos trabalhos geotécnicos, que “incluem a execução de trabalhos de prospecção geotécnica e de caracterização dos maciços”, e pela “remoção integral dos elementos de madeira existentes do tabuleiro (travessas, longarinas, ripas de revestimento, rodapés, prumos e guarda-corpos)”, informa-se.
Uma “obra há muito ambicionada”, assinam por baixo José Luís Gaspar e José Peixoto Lima, respectivamente autarcas de Amarante e Celorico de Basto. “Um marco da ligação entre dois concelhos, mas também um símbolo de memória das nossas gentes”, sublinha-se na nota de imprensa.
Além da simbologia, e da praticabilidade da união entre as terras dos dois concelhos (nas freguesias de Rebordelo e Arnóia), a ponte está destinada a tornar-se mais um ícone turístico da região, com um papel decisivo no “fortalecimento do turismo de natureza” do território.
Segundo a Direcção-Geral do Património Cultural, esta ponte não está em nenhuma listagem de monumentos protegidos. Algo isolada, implantada sobre o Tâmega, refere-se na ficha publicada no site oficial dos Monumentos, era uma “ponte de tabuleiro suspenso apoiado em barrotes de madeira, suspensos por 104 cordões de arames aos dois cabos principais compostos por arames, cada um composto por três cordões e amarrados em maciços de betão nas encostas das margens do rio”.
Como pilares, “quatro tirantes (dois em cada extremidade)”, servem para aliviar “a deformação da ponte bem como os esforços dos cabos principais”. E, complementa-se: “O pavimento, em travessas de madeira, tem um comprimento de cerca de 55m e largura de 2,5m. A guarda é formada por 8 conjuntos de cabos paralelos ao tabuleiro e espaçados entre si cerca de 40 cm, auxiliados por tábuas de madeira na vertical.”
Quem quiser espiá-la: de Lourido (freguesia de Arnóia), “junto à estação dos caminhos de ferro da extinta Linha do Tâmega” – há uma placa com Ponte de Arame, à esquerda –, “passando pela capelinha, escola primária no acesso empredrado à Quinta da Escomoeira; a estrada rural, tanto empedrada como em terra, entre vinha cultivada e também na floresta, até à altitude mais baixa do percurso"; da freguesia de Rebordelo, “por um trilho rural íngreme na floresta desce-se pela margem do Tâmega”.