A partir de agora já há um Observatório de Saúde Mental em Portugal
Iniciativa da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental é lançada esta terça-feira, com uma primeira fase dedicada à investigação científica. Observatório deve estar concluído em três a quatro anos.
A ausência de dados sobre saúde mental agregados e disponíveis numa plataforma direccionada à população portuguesa é uma das principais lacunas apontadas pelos profissionais desta área. E, por isso, a Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental (SPPSM) lança esta terça-feira o Observatório de Saúde Mental, uma plataforma que pretende em “três a quatro anos” disponibilizar indicadores sobre a saúde mental dos portugueses.
É uma das áreas que mais atenção tem merecido da saúde à política nos últimos anos, reforçada sobretudo com a pandemia e o consequente confinamento. Mas um inquérito de opinião levado a cabo pela SPPSM aos profissionais de saúde mental e investigadores mostrou várias carências – a maior das quais o acesso e a disponibilidade da informação. “Queríamos perceber se os profissionais envolvidos consideravam oportuno ou não”, explica Maria João Heitor, presidente da sociedade ao PÚBLICO.
No inquérito, 85% dos profissionais apontaram que há falhas e potencial para melhorias no acesso à informação. A necessidade levou à construção do Observatório de Saúde Mental, onde Maria João Heitor quer congregar os projectos científicos em curso com os indicadores de saúde mental e actividades de prevenção existentes.
A ciência primeiro
Esta construção será faseada. Nesta primeira fase, o site deste observatório disponibilizará informação sobre os projectos científicos e ensaios clínicos a decorrer ou que já terminaram. E, para já, o site está disponível apenas em inglês. “Como a primeira fase é inteiramente dedicada à investigação, é muito virada para a comunidade científica. Nas fases seguintes, onde teremos os indicadores, aí vamos procurar ter um observatório bilingue”, diz Maria João Heitor.
As próximas fases envolvem a disponibilização de dados (sobre morbilidade psiquiátrica, mortalidade ou incapacidade temporária) e a referenciação de práticas e actividades na promoção e prevenção, bem como da própria organização dos serviços.
Maria João Heitor, presidente da SPPSM, refere que a criação deste Observatório de Saúde Mental além de permitir uma disponibilização rápida dos indicadores em Portugal, também facilita o acesso da população a informação sobre tratamentos, serviços ou a investigação em curso.
Além do lançamento deste observatório, existem ainda outras propostas na calha, como a criação de projectos nas escolas e a elaboração de um relatório regular sobre o estado da saúde mental em Portugal. No caso deste último, Maria João Heitor confirma que vai acontecer, mas apenas quando estiverem todos os indicadores disponíveis – ou seja, nos próximos três a quatro anos.