A longa e brilhante memória de Adriano Moreira
Podemos não concordar com a sua visão cristã, com a sua apologia a um Estado forte inspirado em ideais como o da pátria ou o da memória histórica, mas nem isso deve obscurecer o legado de cultura, de devoção ao país ou de honestidade com que Adriano Moreira nos iluminou.
Numa visão estrita entre o preto e o branco do Estado Novo e da democracia, em que lugar fica Adriano Moreira? A esquerda mais extrema que construiu a sua identidade na luta antifascista terá naturalmente dificuldade em responder. A direita salazarenta que permaneceu décadas nos bastidores também. Adriano Moreira, que morreu neste domingo, tinha o raro privilégio de se poder apresentar como um progressista na ditadura e um conservador na democracia. O país mudou, ele permaneceu fiel à essência da sua visão da democracia cristã, do país carente de um Estado alicerçado na sua continuidade histórica, de uma sociedade regida por valores sólidos e antigos como a honra ou o patriotismo.
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