Roberto Jefferson, aliado de Bolsonaro, é preso depois de atirar granadas e ferir polícias

O ex-deputado Roberto Jefferson gravou e divulgou vídeos dizendo que a polícia tentou prendê-lo, mas que não se entregaria, disparando sobre os agentes. Pelo menos dois polícias ficaram feridos, sem gravidade.

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Apoiantes de Roberto Jefferson manifestam-se junto da sua casa Reuters/RICARDO MORAES
Brasília - Presidente Nacional do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Roberto Jefferson, fala à imprensa após reunião com o presidente Michel Temer, no Palácio do Planalto (Valter Campanato/Agência Brasil)
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Roberto Jefferson em 2017 Valter Campanato/Arquivo/Agência Brasil

Dois agentes da Polícia Federal brasileira ficaram feridos no domingo quando tentavam deter o ex-deputado Roberto Jefferson, que se barricou em casa e disparou tiros e granadas contra as autoridades. Horas depois, Jefferson acabou por se entregar.

Roberto Jefferson é um ex-deputado federal e presidente do Partido Trabalhista Brasileiro que no início dos anos 2000 ganhou notoriedade por denunciar o escândalo Mensalão. Mais recentemente aproximou-se de Jair Bolsonaro e tornou-se um dos principais aliados políticos do Presidente brasileiro.

Jefferson estava em prisão domiciliária desde o início do ano por alegado envolvimento numa “possível organização criminosa (...) que tem por um de seus fins desestabilizar as instituições republicanas” com recurso a mensagens falsas e difamatórias na internet. Como medida de coacção, o ex-deputado estava proibido de usar as redes sociais, mas na sexta-feira publicou um vídeo com ofensas a uma juíza do Supremo Tribunal Federal (STF), Carmen Lúcia, e foi-lhe decretada a prisão preventiva pelo juiz Alexandre Moraes, que lidera o inquérito.

Além de ter sido detido por esse motivo, Roberto Jefferson enfrenta agora também pelo menos uma acusação de tentativa de homicídio, pela forma como recebeu a Polícia Federal. Foi o próprio que gravou e divulgou vídeos, a partir do interior da casa, em que aparece a dizer que não se entregaria.

“Eles atiram em mim e eu atirei neles. Estou dentro de casa, mas eles estão me cercando. Vai piorar, vai piorar muito. Eu não me vou entregar. Eu não me vou entregar porque acho um absurdo. Chega, cansei-me de ser vítima de arbítrio, de abuso. Infelizmente, eu vou enfrentá-los”, disse Jefferson num vídeo.

A detenção do ex-deputado só foi possível após “intensa negociação”, disse a Polícia Federal, num comunicado citado pela revista Veja. Segundo esse documento, dois polícias ficaram feridos pelos “estilhaços de granada arremessada pelo alvo”, que “ofereceu resistência inicial ao cumprimento da decisão judicial com o uso de arma de fogo e explosivos”.

Inicialmente, no Twitter, Jair Bolsonaro repudiou as palavras de Jefferson contra a juíza Carmen Lúcia, mas também “a existência de inquéritos sem nenhum respaldo na Constituição”. Mais tarde gravou um vídeo em que chamou “bandido” a Jefferson por ter disparado sobre a polícia e manifestando “solidariedade” para com os agentes feridos.

A uma semana da segunda volta das presidenciais brasileiras, o chefe de Estado tentou distanciar-se ainda mais de Jefferson, afirmando que não tem qualquer relação com ele e que nem uma fotografia de ambos existia. No entanto, as redes sociais encheram-se de fotos em que os dois estão juntos. Uma delas foi partilhada pelo próprio PTB em Novembro de 2020.

Roberto Jefferson tentou candidatar-se à Presidência do Brasil pelo PTB, mas a sua candidatura foi recusada pela Justiça. Colocou, então, o seu candidato à vice-presidência, padre Kelmon, que se autodeclara integrante da Igreja Ortodoxa, no seu lugar. Kelmon apoia Jair Bolsonaro desde a primeira volta do sufrágio, defendeu o Presidente e o Governo em debates e frequenta eventos de campanha do actual governante. No sábado, esteve em Guarulhos num acto de campanha ao lado de Bolsonaro.

A segunda volta das eleições brasileiras, disputada por Jair Bolsonaro e Lula da Silva, acontece a 30 de Outubro.

Com Lusa

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