O poder transformador da música e as vozes ausentes na Womex
Os primeiros dois dias da Womex de Lisboa em pleno foram marcados tanto pelos concertos de Selma Uamusse, Duo Ruut ou PoiL/Ueda, quanto pelo espaço dedicado às vozes silenciadas.
Selma Uamusse já tinha anunciado que quase todas as suas canções são orações pela paz e tinha acabado de cantar No guns. E estava a falar da sua crença no poder transformador do amor e da música, a par de outras convicções, quando se deu conta, em pleno palco, que estava a verbalizar as suas preocupações e os seus valores, num desabafo de activismo; num lampejo de consciência, deu então por si a pensar “Se calhar devia falar menos e cantar mais”. Naquele instante, abateu-se sobre si o peso de estar a actuar na Womex (Worldwide Music Expo), a enorme feira de música para a qual concorreu em quatro anos distintos até que foi, por fim, seleccionada pelo júri para a programação de showcases desta 28.ª edição. Coube-lhe um dos 60 lugares disputados por várias centenas de candidaturas chegadas de todo o mundo, e tinha perfeita noção de que “esta possibilidade de mostrar” a sua música “a programadores de tantos lugares é única”, conta ao PÚBLICO. Mas, no instante seguinte do concerto no Cineteatro Capitólio, sacudiu essa pressão e não deixou que “este desejo de agradar, de vender, de impressionar neste contexto” domesticasse a sua verdade.
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