Cúmplice de atentados de Paris em 2015 condenado a prisão perpétua
Durante as seis semanas de julgamento e mais de nove horas de deliberação, Ali Riza Polat, um franco-turco de 37 anos, garantiu estar inocente das acusações. Os juízes determinaram um período mínimo de 20 anos de cumprimento da sentença.
Quase oito anos após os ataques jihadistas contra o jornal satírico Charlie Hebdo e a um supermercado, em Paris, Ali Riza Polat foi esta sexta-feira condenado à pena máxima — prisão perpétua — por cumplicidade nos crimes.
Em primeira instância, em Dezembro de 2020, Polat, que sempre negou ser “terrorista”, tinha sido condenado a trinta anos de prisão.
A decisão especial do tribunal de recurso de Paris agravou a sentença, na sequência do pedido do Ministério Público, que lhe pediu para “proteger” a sociedade de um homem de “extrema perigosidade” e para “enviar uma mensagem clara” àqueles que se sentiriam “tentados a ajudar um terrorista”.
Os juízes determinaram um período mínimo de 20 anos de cumprimento da sentença.
Após seis semanas de julgamento e mais de nove horas de deliberação, Ali Riza Polat, um franco-turco de 37 anos, levantou-se após o veredicto e simulou abandonar o lugar, antes de se sentar novamente.
Na última vez em que falou em tribunal, Ali Riza Polat garantiu estar inocente das acusações. “Nunca acordei uma manhã para destruir a vida destas pessoas”, disse o acusado de cumplicidade nos crimes praticados pelos irmãos Said e Cherif Kouachi e Amedy Coulibaly.
Polat era amigo próximo do assassino do supermercado judaico, Amedy Coulibaly, e só admitiu ter recuperado um saco de armas no Verão de 2014, informando que se destinavam a um “assalto”. “Se eu tivesse fornecido as armas, eu teria assumido”, disse ele.
Para a acusação, este “braço direito” e “cúmplice ideal” de Amedy Coulibaly, com quem cresceu em Grigny (Essonne), estava “no centro dos preparativos para estas mortes monstruosas”.
Ele “prestou assistência decisiva aos terroristas”, que tinham agido de forma concertada nos dias 7, 8 e 9 de Janeiro de 2015, e “com pleno conhecimento dos factos” dos seus planos, apontou o procurador-geral, Manon Brignol.
“A natureza destas armas só pode indicar um claro desejo de acção violenta”, salientou o presidente do colectivo de juízes, Jean-Christophe Hullin, na sua deliberação.
O tribunal também condenou a treze anos de prisão outro amigo de Amedy Coulibaly, Amar Ramdani, de 41 anos, por ter fornecido armas ao assassino do supermercado judaico.
O Ministério Público tinha pedido a confirmação da pena máxima de vinte anos de prisão por associação criminosa terrorista pronunciada em primeira instância.
Ele “é condenado por terrorismo, que sempre negou e continuou a negar quando o veredicto foi anunciado”, disse um dos seus advogados, Yves Leberquier, sublinhando os “sentimentos extremamente contraditórios” da sua defesa, que tinha pedido a absolvição.
Durante três dias de terror, os irmãos Kouachi e Amedy Coulibaly mataram 17 pessoas, incluindo os cartoonistas Cabu e Wolinski, e acabaram por morrer durante uma rusga policial.
Estas acções marcaram o início de uma série de ataques terroristas em França, com o de 13 de Novembro de 2015, cujo julgamento terminou em junho, e o do Promenade des Anglais, em Nice, em 14 de Julho de 2016, actualmente a ser julgado no mesmo tribunal.