Wole Soyinka: “Não me propus dar esperança. Não. Seria irrealista e injusto”

O mal tem várias faces, diz o Nobel da Literatura de 1986. E mostra-nos isso em Crónicas do Lugar do Povo mais Feliz da Terra, complexa sátira sobre a desumanização do humano. E então a esperança? Seria irrealista dá-la, responde Soyinka. Tem 88 anos e o mesmo tipo de humor daquele que é o seu primeiro romance em cinco décadas.

Foto
Portrait of Nobel prize winning author Wole Soyinka, Brooklyn, NY, 1996. (Photo by Anthony Barboza/Getty Images) Anthony Barboza/Getty Images

“Agora vou dar um passeio a pé”, despediu-se Wole Soyinka após a conversa com o Ípsilon num hotel de Óbidos onde participou no festival Folio. Chegava ao final um dia preenchido com entrevistas e viagens para o escritor nigeriano. Ao vivo, o dramaturgo, poeta, romancista e ensaísta, que em 1986 se tornou no primeiro africano a receber o Nobel da Literatura, tem o mesmo tipo de humor que transparece nas quase 600 páginas do seu mais recente livro, Crónicas do Lugar do Povo mais Feliz da Terra (ed. Livros do Brasil). Publicou-o em 2020, aos 86 anos. A tradução chegou em Setembro às livrarias portuguesas. É o seu terceiro romance, depois de Os Intérpretes (ed. Minotauro), publicado em 1965, e de Season of Anomy, de 1973. Quase 50 anos separam este último desta sua nova obra de ficção, uma “crónica monumental da África pós-colonialista, da África actual, a partir de um país fictício que é claramente a Nigéria”, como escreveu Isabel Lucas no último Ípsilon, uma “trama cheia de mistério, crítica social e o domínio da linguagem que fez dele um dos maiores estilistas literários africanos”.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 3 comentários