Aumento “inaudito” de acessos deitou abaixo serviços bancários online

No dia em que começaram a ser pagos os apoios às famílias para mitigar os efeitos da inflação, a procura por alguns serviços bancários foi o dobro da normal, o que deixou alguns serviços em baixo.

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A Caixa Geral de Depósitos foi um dos bancos cujos serviços estiveram em baixo PAULO PIMENTA

Os serviços de homebanking e as aplicações móveis de vários bancos portugueses passaram por problemas técnicos durante algumas horas nesta quinta-feira, impedindo muitos clientes de acederem aos mesmos. Ao que o PÚBLICO apurou, não houve qualquer ciberataque aos bancos em causa, mas, sim, um aumento “inaudito” no número de acessos em simultâneo a estes serviços, no dia em que começaram a ser pagos os apoios às famílias para mitigar os efeitos da inflação.

Caixa Geral de Depósitos (CGD), Santander, Novo Banco e Banco CTT foram as instituições bancárias que assumiram estar a enfrentar dificuldades de acesso aos serviços por si disponibilizados, um cenário que começou a ser detectado logo no início desta manhã. Também no Banco Montepio foram detectados constrangimentos de acesso aos serviços digitais, embora o banco, tendo sido contactado, não tenha feito quaisquer comentários sobre o assunto até ao momento.

Já o BCP, BPI e Crédito Agrícola asseguraram, em declarações ao PÚBLICO, que não foram registados quaisquer incidentes.

Entretanto, as situações parecem já estar normalizadas na maioria dos casos. No site Downdetector, onde os utilizadores podem reportar falhas no acesso a vários sites, em tempo real, já não há indicações de problemas nos principais bancos a operar em Portugal. A excepção é o banco público, onde ainda há “relatos de utilizadores” que “indicam potenciais problemas”, concretamente com o login na aplicação móvel e no sistema de homebanking, bem como com transferências.

Oficialmente, nenhum dos bancos confirma, para já, qual a origem destes problemas, mas os mesmos surgiram numa altura em que se esperava um maior fluxo de acesso aos serviços online e móveis das instituições bancárias.

Isto porque, nesta quinta-feira, a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) começou a pagar os apoios destinados às famílias para mitigar os efeitos da inflação. O apoio de 125 euros será entregue a quem tem rendimentos mensais brutos de 2700 euros (excluindo pensionistas) e a quem é beneficiário de prestações sociais, o que irá abranger 5,8 milhões de cidadãos. Já quem tem filhos dependentes receberá 50 euros por filho.

E é essa, precisamente, a justificação dada por uma fonte do sector. “Obviamente que os sistemas estão preparados para aumentos de fluxos de procura, mas isto não foi um aumento normal. Foi um aumento inaudito. Estamos a falar de muito mais do que o dobro do número normal de acessos”, refere essa fonte, reforçando que “ninguém está preparado para tanta gente a tentar aceder aos serviços em simultâneo”.

O cenário de falhas nos sistemas bancários poderá, assim, prolongar-se nos próximos dias, já que o pagamento dos apoios não será feito todo de uma vez. O ritmo dos pagamentos deverá ascender a 500 mil por dia e o ministro das Finanças, Fernando Medina, estimou que o processamento da totalidade dos pagamentos deverá ficar concluído em dez dias.

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