Conceição, Geraldes e Costinha ofereceram ajuda aos jogadores do Villa Athletic
Treinador do clube alentejano acusa o presidente de estar a mentir.
O treinador do FC Porto, Sérgio Conceição, e os futebolistas Francisco Geraldes (Estoril) e João Costinha (Santa Clara) disponibilizaram-se para ajudar os jogadores do Villa Athletic que estão em dificuldades, revelou nesta quinta-feira Edinho.
“É isto que o futebol tem de bonito e por isso continuo a jogar, com 40 anos. A solidariedade das pessoas ligadas ao futebol tem sido incrível. O Sérgio Conceição já me ligou a oferecer ajuda, o Francisco Geraldes, que não conhecia, mas mandou-me logo uma mensagem, o João Costinha e a esposa... Muita gente mesmo”, revelou o internacional português.
O presidente do Villa Athletic Club, Fábio Lopes, assumiu na terça-feira que este recém-criado clube de futebol, que compete nos distritais de Portalegre, atravessa “dias muito difíceis”, por dificuldades financeiras, e procura “soluções de viabilização” do projecto.
Nesse dia, pelo menos quatro jogadores manifestaram o seu desagrado com alegados salários em atraso e falta de condições ao presidente do clube, à porta do Grupo Renascença, em Lisboa, segundo a edição online do jornal desportivo Record.
Alguns jovens jogadores do clube, que terão sido “aliciados” por Fábio Lopes “para aceitar as condições oferecidas” estão a ser ajudados pelo avançado português e por elementos da equipa técnica liderada por Meyong.
“Já temos sítio para eles. O [treinador-adjunto] Bruno Gomes tem um apartamento na Moita, que estava livre, já estamos a limpar e a arranjar tudo para eles ficarem lá instalados, providenciámos comida e tudo o mais”, revelou Edinho.
Para o antigo jogador de Vitória de Setúbal, Sporting de Braga, Académica e Marítimo, entre outros, tem sido “precisamente o carácter e a vontade destes jovens para fazer a diferença” que o motivou a aceitar e a acreditar no projecto de Fábio Lopes.
“O que nos venderam foi um sonho e confesso que não tinha dúvidas. Era um projecto para inspirar os jovens, apoiá-los, na envolvência do Alentejo. Foi com este sonho que entrou nas nossas cabeças e depois veio deitar tudo abaixo, mas esqueceu-se do nosso carácter. Alguns destes jovens quiserem deixar de jogar futebol por causa disto. É inadmissível e por isso sinto-me enojado”, desabafou Edinho.
Entretanto, o Sindicato dos Jogadores de futebol criticou na quarta-feira a situação do Villa Athletic, clube criado no Verão e inscrito na Associação de Futebol de Portalegre, que terá deixado os jogadores em situação precária.
“As últimas semanas ficaram marcadas por dois casos particularmente graves no futebol distrital, que deixaram dezenas de jogadores, muitos deles estrangeiros, numa situação de estado de necessidade absolutamente inaceitável”, referiu o Sindicato, em comunicado
Fundado no dia 14 de Junho de 2022, com sede em Ponte de Sor, o Villa Athletic Club foi inscrito nas competições da Associação de Futebol de Portalegre (AFP).
De acordo com a Rádio Portalegre, os jogadores do clube, entre os quais Edinho e André Carvalhas, que já passaram por competições profissionais, treinam na zona da Grande Lisboa e apenas se deslocam ao distrito de Portalegre para os jogos.
Esta rádio noticiou que o Villa faltou ao jogo da primeira jornada da Taça Remax da AFP e que, na segunda ronda, no domingo, em Elvas, apresentou-se com 12 jogadores, sem equipa técnica e com equipamento emprestado pelo Grupo Desportivo Samora Correia.
Edinho desmente Fábio Lopes
Edinho acusou o presidente do Villa Athletic, Fábio Lopes, de “mentir” quando diz que procura soluções para salvar o clube, pois tem sido ele próprio a fazê-lo, juntamente com elementos da equipa técnica.
“Quem está à procura de apoios e de reunir possíveis patrocinadores sou eu e os elementos da equipa técnica. O que ele veio dizer, que saiu nos meios de comunicação social, que está a procurar uma solução em conjunto com o grupo é mentira. Quem está à procura somos só nós”, disse o internacional português.
Fábio Lopes, radialista e influencer conhecido como Conguito, disse na quarta-feira que a criação do Villa Athletic, clube que compete nos distritais de Portalegre, não teve como objectivo ser um negócio, mas que “o negócio do futebol” o destruiu.
“O que ele fez foi ligar para o presidente da AF Portalegre [Daniel Pina] a dizer que o projecto tinha acabado”, refutou o experiente avançado, de 40 anos.
Edinho não adiantou se os jogadores vão continuar a comparecer nos próximos jogos. “Neste momento, estamos todos parados. Estamos à procura de patrocinadores, temos falado com algumas pessoas, apresentado números. A ideia é não deixar isto cair. Mas é preciso que o Fábio [Lopes] deixe, pois o que ele disse ao nosso director, Pedro Ribeiro, foi que se aparecesse um investidor teriam de lhe apresentar uma proposta”, acusou.