Portugal continua a ser um tema dominante no cinema que se faz no nosso país. Tenho-lhe chamado cinema lusíada para o distinguir, encontrando-lhe as fronteiras e o diálogo que as obras estabelecem entre si, do cinema tout court ou apenas com marca de origem nacional. Não tem forçosamente de ser épico e o nosso poema maior é invocado sobretudo pela história que contamos de nós ao mundo (“argumento”, como é sabido, do próprio texto de Camões). Ou seja, a afirmação de uma identidade, que é também diversidade, face a outros de nós, mas também aos povos que descobrimos e que nos descobrem, num conceito de história subjectivo, visto a partir de um lugar de observação, esse sim, objectivo, digamos antes de mais geográfico (fui sempre sensível à observação de Gramsci nos seus Cadernos do Cárcere, tão estimulante quanto surpreendente, de que os argumentos do bispo Berkeley sobre a incerteza da realidade exterior não seriam tão risíveis como o senso comum nos levaria a supor).
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