Rússia inicia evacuação de Kherson; Ucrânia denuncia “espectáculo de propaganda”

Autoridades pró-russas na região ocupada do Sul do território acusam Exército ucraniano de atacar alvos civis e começaram a retirar mais de 50 mil pessoas. Kiev diz que Moscovo quer “assustar as pessoas de Kherson” com “informações falsas”.

Foto
Um tanque russo na cidade ucraniana ocupada de Kherson Reuters/ALEXANDER ERMOCHENKO

As autoridades pró-russas que controlam parte da região de Kherson, no Sul da Ucrânia, anunciaram esta quarta-feira que está em marcha uma operação de evacuação de parte do território ocupado, que compreende a retirada de 50 a 60 mil civis.

“A transferência organizada de residentes para a outra margem do [rio] Dniepre começou em Kherson”, avançou o chefe da administração de ocupação local, Vladimir Saldo, na aplicação de mensagens Telegram.

O plano é retirar para a margem oriental do Dniepre cerca de dez mil pessoas por dia, processo que deve demorar seis dias. Segundo a Reuters, algumas regiões da Rússia estão a ser preparadas para receber estas pessoas e mais de cinco mil já deixaram Kherson nos últimos dois dias.

Antes, em declarações aos media russos, citado pela Reuters, Saldo garantiu que “ninguém se vai render em Kherson” e que os “soldados vão ficar até à morte”, mas disse que “não é desejável que os residentes estejam numa cidade onde vai ler levadas a cabo acções militares”.

“De momento temos hipóteses suficientes de conseguir repelir os ataques e avançar com uma contra-ofensiva, se a situação táctica assim o exigir”, afiançou ainda. “A cidade vai aguentar-se; simplesmente precisamos de proteger os residentes pacíficos.”

O anúncio de Saldo surge poucas horas depois de o general russo e novo comandante das forças invasoras na Ucrânia, Sergei Surovikin, ter assumido que a situação em Kherson era “tensa” para as tropas russas, acusado “o inimigo de estar a atacar deliberadamente infra-estruturas e edifícios residenciais” e dar conta de um renovado e “iminente” ataque ucraniano na cidade.

Em resposta, Andrii Iermak, responsável máximo pelo gabinete do Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, também recorreu ao Telegram para denunciar aquilo que considera ser um “espectáculo de propaganda”, baseado em “informações falsas”, que, insiste, estão a ser usadas pelos russos para “assustar a população de Kherson.

Kherson é uma das quatro regiões recentemente anexadas pela Federação Russa – as outras são Donetsk, Lugansk e Zaporijia –, na sequência da realização de pretensos referendos, considerados ilegais e fraudulentos pelo Governo ucraniano e por praticamente toda a comunidade internacional.

Perante os avanços ucranianos na região de Kherson nas últimas semanas, as forças ocupantes russas foram obrigadas a recuar entre 20 e 30 quilómetros e estão a acumular-se na margem ocidental do rio Dniepre.

Sugerir correcção
Ler 8 comentários