Ministra do Interior britânica demite-se. “Cometi um erro, aceito a responsabilidade”

Suella Braverman era uma crítica assumida do recuo da política económica de cortes de impostos que a primeira-ministra britânica anunciou esta semana.

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Suella Braverman EPA/TOLGA AKMEN

Cinco dias depois de ter demitido o seu ministro das Finanças para aplacar as críticas ao plano económico do novo Governo britânico, a primeira-ministra do Reino Unido, Liz Truss, foi confrontada com o anúncio da demissão da ministra do Interior, Suella Braverman, na tarde desta quarta-feira.

Numa carta em que fica patente uma profunda insatisfação de Braverman com as bruscas mudanças de orientação política de Truss em apenas dois meses de governação, a ex-ministra acusa o Governo de ter quebrado promessas importantes, e diz que duvida da vontade da primeira-ministra de reformar as políticas de imigração.

“É óbvio para toda a gente que estamos a atravessar uma fase tumultuosa”, diz a agora ex-ministra na sua carta de demissão. “Estou preocupada com o futuro deste Governo. Não só quebrámos promessas importantes que fizemos aos nossos eleitores, como tenho grandes dúvidas sobre a vontade deste Governo de honrar os compromissos do nosso programa político, como a redução dos números da imigração e o fim da imigração ilegal, principalmente as perigosas travessias em pequenos barcos.”

Para o lugar de Braverman, foi nomeado Grant Schapps, ministro dos Transportes no Governo de Boris Johnson e um dos mais destacados apoiantes do principal adversário de Truss na corrida à liderança do Partido Conservador, Rishi Sunak.

“O mais importante é garantir que a população deste país sabe que está em segurança”, disse Schapps, numa curta declaração à porta do Ministério do Interior. Na mesma ocasião, o novo ministro admitiu que o Governo de Truss “tem atravessado um período difícil” e prometeu dedicar-se ao seu ministério, “apesar do que possa acontecer em Westminster”.

Numa justificação que está a ser interpretada como uma desculpa para abandonar o Governo, Braverman disse que apresentou a demissão por ter enviado um documento oficial, a um deputado conservador, através do seu e-mail pessoal. Segundo os jornais britânicos, o documento em causa – o rascunho de uma declaração sobre imigração, que iria ser tornado público na quinta-feira – não seria tão sensível que justificasse a demissão da ministra.

“Assim que me apercebi do meu erro, reportei-o rapidamente através dos canais oficiais”, diz Braverman na sua carta de demissão. “Como ministra do Interior, exijo a mim mesma estar à altura dos mais elevados padrões éticos, e a minha demissão é a decisão certa.”

“Cometi um erro, aceito a responsabilidade, demito-me”, disse Braverman, numa passagem que também pode ser lida como uma forte crítica à primeira-ministra.

“A governação depende da aceitação de responsabilidades pelos nossos erros. Fingir que não cometemos erros, agir como se ninguém tivesse visto que errámos e esperar que as coisas se resolvam por magia não é uma forma séria de estar na política”, diz a agora ex-ministra do Interior do Reino Unido.

Esta é a segunda baixa no Governo britânico no espaço de uma semana. Na sexta-feira, Liz Truss despediu o seu ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, antes de recuar no seu plano económico inicial para evitar um colapso económico.

Suella Braverman era uma crítica assumida do recuo na política económica de Truss, assente num corte dos impostos para os rendimentos mais altos e para as empresas. Foi escolhida para o cargo pelas suas propostas de controlo da migração sem documentos e de maior policiamento.

Ex-procuradora-geral, Braverman também se comprometeu a reduzir a entrada de estrangeiros no Reino Unido para dezenas de milhares por ano, e a limitar o número de vistos internacionais atribuídos aos estudantes, que são uma fonte de rendimento importante para as universidades britânicas.

Com apenas 43 dias de mandato, Braverman será recordada como a ministra do Interior britânica que ocupou o cargo durante menos tempo desde o fim da II Guerra Mundial.

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