Ben Mandelson, um curador de oportunidades
Antigo membro dos Magazine e dos 3 Mustaphas 3, acabou por especializar-se na produção de músicas do mundo e tornar-se um dos fundadores da Womex — a feira profissional que decorre até 23 de Outubro, em Lisboa. Em todo o seu discurso encontramos uma atenção com o acaso e a aleatoriedade.
Na época em que surgiu a primeira geração de gravadores DAT, Ben Mandelson adoptou estes pequenos dispositivos portáteis para algumas das suas gravações de campo e para o registo de álbuns com músicos de todo o mundo. Com o seu nome inscrito enquanto produtor numa centena de álbuns, o músico dos Magazine e dos 3 Mustaphas 3 há muito que se tornou um dos homens de referência na cadeira de produtor do circuito da world music. E uma das lições que cedo aprendeu é a de que uma dose generosa do trabalho de um produtor consiste em criar as condições e o ambiente certo para que a música aconteça, fintando a ansiedade e a tensão que uma gravação pode representar, algo que passa também por encontrar formas inventivas de cumprir com as expectativas de músicos que, nalguns casos, esperaram uma vida inteira pela oportunidade de fixarem as suas canções em disco. Portanto, na altura em que a evolução tecnológica deu à luz os gravadores DAT, Mandelson fazia-se acompanhar por vezes por uma máquina muito maior — mas inútil, só de fachada — para emprestar solenidade ao momento. “Para que parecesse que uma gravação a sério ia ter lugar”, ri-se em conversa com o Ípsilon. “Por vezes, há que dar um sentido de acontecimento à circunstância.”
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