Portugal está cada vez mais ameaçado pela falta de água e pela dependência de energia vinda de países politicamente instáveis, avisa a edição deste ano do Relatório de Ameaças Ecológicas, publicado pelo Instituto para a Economia e Paz (IEP, na sigla em inglês), sediado em Sydney, na Austrália.
Embora a África subsariana seja a região mais exposta à escassez de água, países europeus como Albânia, Estónia, Grécia, Itália, Países Baixos e Portugal estão em risco de “sentir aumentos substanciais de pressão hídrica até 2040”, refere o estudo. “A insegurança alimentar e a pressão hídrica estão interligados, uma vez que sem uma captação de água adequada é impossível fornecer alimentos suficientes”, acrescenta.
Mais de 1400 milhões de pessoas em 83 países sofrem de pressão hídrica extrema, incluindo 51 países da África subsariana como Angola e Moçambique, mas também países de outras regiões do mundo como o Haiti, o Iraque, o Sudão, o Iémen e a Venezuela, avança o documento.
Por outro lado, a invasão da Ucrânia pela Rússia levou países ocidentais a intensificarem o abastecimento de combustíveis fósseis junto de países como a Argélia, Marrocos, Líbia e Nigéria. “Mas isso comporta riscos”, avisam os autores do relatório. “A turbulência política nos países exportadores de energia com baixo índice de paz representa uma ameaça de curto e médio prazo para as nações desenvolvidas que dependem destas importações”, explicam. Japão, Coreia do Sul, Itália, Portugal, Espanha e Alemanha são alguns dos países mais vulneráveis, refere.
O relatório analisou quais os países com maior risco de conflito, agitação civil e deslocamento de pessoas causado pela degradação ambiental e eventos relacionados com o clima. Os investigadores examinaram 228 países e territórios para avaliar a capacidade de gerir estes desafios até 2050 e concluiu que 27 Estados, 23 dos quais em África e no Médio Oriente, estão num “ponto crítico”.
Globalmente, o estudo revela que pelo menos 41 países enfrentam actualmente uma “grave insegurança alimentar”, que se prevê que se deteriore devido à “crescente degradação ecológica, inflação e guerra entre a Rússia e a Ucrânia”. No geral, o relatório calculou que o número de pessoas subnutridas aumentou 35% em 2021 em todo o mundo para mais de 750 milhões e espera-se que continue a aumentar devido ao impacto do aquecimento global.
O fundador do IEP, Steve Killelea, urgiu os governos e agências internacionais a “investirem na construção de resiliência a longo prazo para evitar a futura destruição ecológica, migração forçada e conflitos”.