PS e BE querem ouvir Governo e dirigentes desportivos na AR sobre polémica no judo

Também esta terça-feira, o PSD requereu a audição do secretário de Estado João Paulo Correia sobre as divergências públicas entre atletas e a Federação Portuguesa de Judo, considerando que a situação tem “contornos muito graves”.

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Dirigentes e judocas mantêm relação difícil LUSA/JOSÉ COELHO

O PS pediu esta terça-feira a audição urgente no Parlamento dos presidentes do Comité Olímpico de Portugal e da federação de Judo e ainda do secretário de Estado do Desporto para debater o diferendo entre os judocas e dirigentes federativos. Também o Bloco de Esquerda pediu esta terça-feira a audição do secretário de Estado do Desporto, do Instituto Português do Desporto e Juventude e dos judocas que escreveram uma carta aberta sobre os problemas entre a federação e os atletas.

O Grupo Parlamentar do Partido Socialista quer “esclarecer com rigor e transparência a despesa colocada de cada atleta na preparação olímpica, bem como apurar a existência de alguma eventual comunicação por parte da Federação Portuguesa de Judo ao Comité Olímpico de Portugal, no sentido de se solicitar algum reforço de verbas para os atletas, depois de as considerar esgotadas”, lê-se num requerimento enviado para a Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República.

Os deputados socialistas Miguel Costa Matos, Carla Sousa e Francisco Dinis consideram que, a menos de dois anos para os Jogos Olímpicos e “tendo em conta os recentes acontecimentos no judo português”, é necessário que o Parlamento ouça com urgência os presidentes do Comité Olímpico de Portugal (COP), José Manuel Constantino, e da Federação Portuguesa de Judo, Jorge Fernandes, bem como o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, João Paulo Correia.

Entre as justificações avançadas, os socialistas apontam a carta aberta conhecida em Agosto de um grupo de judocas nacional “onde se denunciava uma relação difícil” com a Federação Portuguesa de Judo e se pedia a intervenção do secretário de Estado da Juventude e do Desporto.

A “reunião promovida entre o secretário de Estado do Desporto e o presidente do COP com o presidente da Federação Portuguesa de Judo, e subsequente reunião com o grupo de atletas que subscreveu a carta aberta”, é outro dos motivos invocados pelo Grupo Parlamentar do PS.

É ainda invocado o “contexto de um reforço histórico do financiamento do Projecto Olímpico 2024, as notícias de uma eventual comunicação por parte da Federação Portuguesa de Judo a dois atletas de um esgotamento das verbas, condicionando-lhes a preparação e a presença nos Jogos Olímpicos 2024, tornam-se ainda mais questionáveis.

No caso do Bloco, os requerimentos para estas audições foram divulgados pelos bloquistas na sequência do conflito aberto entre sete judocas, seis que estiveram nos Jogos Olímpicos, e a Federação Portuguesa de Judo (FPJ). “Faltam menos de dois anos para os Jogos Olímpicos de Paris, e sucessivas notícias alertam para programas graves ao nível do relacionamento da Federação Portuguesa de Judo com os atletas do projecto olímpico”, alertam.

Por isso, os bloquistas recordam que, em Agosto, “um grupo de judocas nacionais escreveu uma carta aberta onde denunciava publicamente o que chamou de ‘clima insustentável e tóxico que envolve, neste momento, o Judo português’ e apelaram ‘à intervenção da Secretaria de Estado do Desporto, do Instituto Português do Desporto e Juventude e do Comité Olímpico de Portugal'”.

“A carta reportava desde situações de relativas à retenção de verbas das suas bolsas olímpicas para despesas que deveriam ser da própria Federação, passando por desajustes no número e no funcionamento dos estágios, até situações de discriminação e de falta de respeito”, relata.

Segundo os bloquistas, de acordo com novas informações vindas a público “o problema agravou-se ao nível da relação do presidente da Federação com os atletas”, referindo-se à denuncia feita por Telma Monteiro de que a seleccionadora Ana Hormigo foi demitida por email na passada segunda-feira, “sem a equipa ou a própria saber de forma antecipada” e na véspera da viagem para uma competição de apuramento olímpico.

O PSD já tinha esta tarde pedido a audição de João Paulo Correia sobre as divergências públicas entre atletas e a Federação Portuguesa de Judo, considerando que a situação tem “contornos muito graves”.

Na segunda-feira, o secretário de Estado lamentou as divergências entre atletas e a Federação Portuguesa de Judo, considerando que há situações na modalidade que “têm de ser esclarecidas”.

“Lamento que não tenha imperado o bom senso na modalidade, e face às acusações que são feitas por um conjunto de atletas relativamente à Federação, importa esclarecer algumas situações”, disse João Paulo Correia, à margem de uma visita às instalações do Paços de Ferreira, clube da I Liga de futebol.

O governante, que anteriormente já tinha mediado algumas divergências entre atletas e federação, disse “não poder fingir que não há um desentendimento grave na modalidade”, mas acredita que “pode ser resolvido”.

No Verão, atletas como Telma Monteiro, Catarina Costa, Patrícia Sampaio, Rochele Nunes, Bárbara Timo, Anri Egutidze e Rodrigo Lopes escreveram uma carta, na qual acusavam o presidente de Federação Portuguesa de Judo, Jorge Fernandes, de opressão, discriminação e ameaças, lamentando o “clima insustentável e tóxico”.

O dirigente federativo contrapôs, dizendo que os atletas têm direitos e deveres e não podem “denegrir a imagem das pessoas”, recusando novamente as acusações que lhe foram feitas na carta aberta, lembrando que em relação às verbas do projecto olímpico “não existe dinheiro para tudo”.