Apoio da população ucraniana à luta até à vitória é de 70%, diz sondagem

Sondagem Gallup mostra que quase todos os que são favoráveis à guerra até ao fim definem a vitória como a reconquista de todos as zonas ocupadas pela Rússia desde 2014, incluindo a Crimeia.

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“É uma escolha entre lutar ou um genocídio”, diz Maryan Zablotskyy, membro do partido do Presidente Volodymyr Zelensky CLODAGH KILCOYNE/Reuters

Setenta por cento dos ucranianos estão determinados a continuar a lutar até que o seu país ganhe a guerra contra a Rússia, de acordo com uma sondagem Gallup realizada no princípio de Setembro, no meio de uma contra-ofensiva que permitiu à Ucrânia recuperar partes de território no Sul e no Leste.

Quase todo os que defendem a continuação da luta definem a vitória como a reconquista de todos as zonas ocupadas pela Rússia desde 2014, incluindo a Crimeia, diz a Gallup.

A sondagem, publicada esta terça-feira, foi conduzida por telefone e as perguntas foram feitas antes da semana de bombardeamentos russos contra Kiev e instalações de produção de energia por toda a Ucrânia, assim como os ataques mortais com drones desta semana na capital ucraniana.

Autoridades ucranianas estão a receber a notícia como um novo sinal de que o país tem vontade – e resistência – para continuar a lutar nos frios meses de Inverno.

“É uma escolha entre lutar ou um genocídio”, disse ao Washington Post Maryan Zablotskyy, membro do partido do Presidente Volodymyr Zelensky.

O apoio ao esforço de guerra é tão alto, diz, porque os ucranianos sabem que a alternativa são os horrores cometidos pelos soldados russos nas cidades que capturaram.

“Temos visto o que a Rússia faz nos sítios onde não há luta. Qualquer tipo de resistência é melhor do que o destino das pessoas que foram conquistadas pelos russos”, acrescentou numa conversa telefónica. “É existencial.”

O apoio aos militares ucranianos regista níveis generalizadamente altos, com 94% a responderem que têm confiança nas suas Forças Armadas. Apesar dos temores do agravamento das condições económicas e a degradação da qualidade de vida em tempo de guerra, a sondagem da Gallup mostra que a confiança pública no Governo nacional, liderado por Zelensky, está no nível mais alto em 17 anos de sondagens Gallup.

Em vez de exacerbar as divisões que durante anos foram razão para conflito sobre a posição do país entre a Rússia e o Ocidente, a sondagem mostra as consequências não intencionais da tentativa de Vladimir Putin de invasão em larga escala: unir o país em torno de um propósito comum como, se calhar, nunca antes na sua história e aumentar a esperança de estreitar os laços com os aliados ocidentais no futuro.

Uma maioria dos ucranianos acredita que dentro dos próximos dez anos o país será membro da União Europeia (73%) e da NATO (64%), de acordo com a Gallup, reflectindo o maior optimismo da população em relação ao futuro da Ucrânia.

Mesmo assim, o estudo mostra brechas no apoio popular à luta ucraniana pela vitória. Uma das maiores está no género, com 76% dos homens a favor de continuar o esforço de guerra comparado com 64% de mulheres.

As diferenças mais pronunciadas são regionais, com o apoio à luta até à vitória mais forte na capital, Kiev (83%) e no Ocidente da Ucrânia (82%) e significativamente mais baixo no Leste (56%) e no Sul (58%), mais próximo da zona de batalha nas linhas da frente.

Zablotskyy reconhece que o apoio à guerra pode ser diferente entre as regiões, mas chama a atenção para a maior proporção de russos que vivem nessas partes do país. “Dezanove por cento dos cidadãos ucranianos consideram-se russos”, disse, referindo-se a uma recente pesquisa demográfica, e residem sobretudo junto à fronteira Leste do país, sugerindo que seriam mais susceptíveis à mensagem pró-russa.

No geral, em todo o país, 26% dos ucranianos dizem que o governo devia negociar para acabar com a guerra o mais rápido possível.

É difícil comparar o apoio popular ao esforço de guerra na Ucrânia e na Rússia, já que a liberdade de expressão na Rússia é muito restringida e sondagens credíveis são difíceis, mas algumas dos inquéritos de opinião mostram que é menor a percentagem de russos que apoiam a luta até à vitória.

Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post

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