Biossensor português consegue detectar substâncias alérgicas mais depressa
A alergia alimentar tem crescido em toda a Europa. O biossensor do Instituto Superior de Engenharia do Porto permite identificar as substâncias alergénicas e colmatar a “ausência de soluções” rápidas para este problema.
Investigadores do Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP) desenvolveram biossensores que permitem detectar “com rigor e rapidez” a presença de substâncias alérgicas em alimentos, como amendoim, camarão, peixe, ovo e aipo.
Em comunicado, o ISEP revela que a metodologia “inovadora”, desenvolvida no âmbito do projecto TracAllerSens, vai permitir detectar e quantificar as substâncias alergénicas em produtos alimentares.
“A ausência de métodos expeditos capazes de detectar com grande fiabilidade a presença de algumas substâncias alergénicas em determinados alimentos afecta, e muitas vezes compromete, a dieta alimentar dos doentes alérgicos, que se vêem impossibilitados de consumir determinados alimentos por receio de poderem conter algumas destas substâncias”, salienta o ISEP, lembrando que a União Europeia estabeleceu uma lista prioritária de ingredientes que podem provocar alergias e que podem estar presentes em “alimentos pré-embalados, a granel e prontos a ser servidos”.
“A alergia alimentar tem tido uma incidência crescente nos últimos anos, representando um problema de saúde pública”, destaca o instituto, acrescentando que na Europa se estima que a alergia alimentar afecte mais de 17 milhões de pessoas.
A par da “falta de soluções”, a indústria alimentar confronta-se com “dificuldades, por necessitar de métodos de análise sensíveis e selectivos no controlo aos alergénicos”, salienta o ISEP.
“Os métodos tradicionais para este fim são muitas vezes morosos, dispendiosos e requerem equipamentos sofisticados, o que impede uma despistagem efectiva podendo comprometer a sua aceitação em laboratórios com recursos limitados”, acrescenta.
Nesse sentido, os investigadores do REQUIMTE do ISEP desenvolveram biossensores que podem ser produzidos a “um custo muito controlado” se aplicados à indústria alimentar.
O investigador responsável pelo plano de trabalhos do projecto, Hendrikus Nouws, citado no comunicado, destaca que o projecto “pretendeu dar resposta aos desafios analíticos existentes ao desenvolver sensores de tamanho reduzido, baratos e fáceis de manusear, selectivos e com capacidade de despistar quantidades vestigiais de alergénios”.
O projecto foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) em 239 mil euros.