A fotografia de Margaret Watkins deixou de ser uma sombra
Depois de ter fechado três décadas de trabalho num baú embrulhado em papel pardo, a fotógrafa canadiana Margaret Watkins desapareceu de cena. Dois anos antes de morrer, deu esse baú a um amigo. É esse testamento fotográfico que se pode ver em Margaret Watkins - Black light, no Centro Cultural de Cascais, até 8 de Janeiro.
É muito provável que o trabalho Margaret Watkins possa beneficiar da onda gigante criada à volta da outrora invisível e agora famosa e sobre-exposta Vivian Maier, um nome que nos últimos 15 anos saltou do nada para o cânone da imagem fotográfica. A narrativa da fotógrafa-genial-perturbada-esquecida-injustiçada provou a sua valia quando se descobriram as primeiras pontas do icebergue Maier. Tudo começou como um burburinho, em 2007, tendo continuado, logo depois, por salas e museus de todo o mundo como um estardalhaço. No meio da confusão (dos documentários, dos livros, das polémicas legais, das disputas, dos acordos secretos sobre direitos de autor…), é comum haver esquecimentos tão trágicos quanto irónicos: em primeiro ligar a própria fotografia; depois, o contexto da sua produção, o lugar que ocupou, o lugar que ocupa ou a força autoral.
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