Frigoríficos velhos libertaram gases equivalentes a 2,6 milhões de viagens entre Lisboa e Porto
Como estes electrodomésticos não foram recolhidos de forma adequada, foram libertadas mais de 78 toneladas de gases de refrigeração. Em 2020, apenas 27,8% dos frigoríficos descartados nesse ano tiveram tratamento adequado.
Menos de um terço dos frigoríficos velhos foi eliminado correctamente em 2020, levando à libertação de gases com efeito de estufa equivalentes a 2,6 milhões de viagens de carro entre Lisboa e Porto, ida e volta, indica um estudo divulgado esta sexta-feira.
O estudo, da associação ambientalista Zero, é divulgado no Dia Internacional dos Resíduos Eléctricos, e dá conta de que a não recolha adequada dos gases de refrigeração dos frigoríficos levou à libertação de 78,6 toneladas desses gases, que são equivalentes a 226 mil toneladas de dióxido de carbono.
Os gases de refrigeração utilizados nos frigoríficos possuem, muitos deles, um elevado potencial de aquecimento global, nota a Zero num comunicado sobre o estudo e sobre o Dia Internacional dos Resíduos Eléctricos, instituído para sensibilizar a população mundial para a importância da reciclagem e reutilização dos resíduos em causa.
Deixar que esses gases se libertem “equivale aos gases de estufa libertados em 2,6 milhões de viagens ida e volta de um carro a gasolina entre Lisboa e o Porto”, salienta-se no comunicado.
Segundo os dados da associação, em 2020 apenas foram recolhidos e encaminhados para tratamento adequado 27,8% dos frigoríficos que foram descartados nesse ano, pelo que nos restantes o gás na espuma e nos compressores dos frigoríficos acaba por ser libertado para a atmosfera.
Mas a Zero alerta também que cerca de 40% dos frigoríficos que chegam às empresas de tratamento já não possuem compressor (motor), sendo que em muitos dos casos os compressores contêm pouco ou nenhum gás, uma vez que possuem os circuitos exteriores danificados.
No estudo, a Zero identifica três razões para a “má gestão dos frigoríficos”. Uma delas indica que a maioria dos comerciantes não recolhe o frigorífico velho quando entrega um novo.
Apesar de a lei obrigar a essa recolha, diz a Zero que os dados indicam que a lei não está a ser cumprida e que só 30% dos frigoríficos usados estão a ser recolhidos e encaminhados para tratamento.
Outro motivo para a má gestão, ainda de acordo com o comunicado, prende-se com o ecovalor pago por quem coloca os frigoríficos no mercado ser demasiado baixo para cobrir os custos de recolha e tratamento, e o terceiro com a falta de inspecção das empresas (sucateiros) que recebem ilegalmente frigoríficos usados e não tiram nem tratam os gases de refrigeração.