Licypriya Kangujam, a activista climática de 11 anos que usa as redes sociais para inspirar à acção
Jovem indiana que seguiu os passos de Greta Thunberg é um exemplo para as muitas crianças que a seguem nas redes sociais. “Temos de responsabilizar os legisladores pelas suas decisões políticas”, diz.
Aos 11 anos, Licypriya Kangujam já viajou pelo mundo, mas as suas aventuras não foram todas divertidas. A indiana está a tentar ajudar a salvar o planeta, ao chamar a atenção das pessoas em cargos de poder.
“Reclamar ar puro para respirar, água limpa para beber e um planeta limpo onde viver são os nossos direitos básicos”, diz Licypriya, ou Licy, como também lhe chamam.
Inspirada por Greta Thunberg, Licy começou a protestar aos seis anos. “Comecei ao passar uma semana à porta do Parlamento indiano, para chamar a atenção do primeiro-ministro Narendra Modi para aprovar uma lei relacionada com as alterações climáticas na Índia”, explica num email enviado ao KidsPost (secção do jornal norte-americano The Washington Post que é escrita especificamente para estudantes em idades escolares que vão do segundo ao sétimo ano).
Ela também fundou a organização Child Movement, que pede aos líderes mundiais “que tomem medidas climáticas urgentes para salvar o nosso planeta e futuro”.
No mês passado, Licy esteve em Nova Iorque, para marcar presença na Assembleia Geral das Nações Unidas, ao abrigo da qual os assuntos mais importantes do mundo foram debatidos por representantes de 193 países. A indiana participou em diversos eventos, que versavam sobre clima e educação, por exemplo. Ela conheceu outros activistas, incluindo Malala Yousafzai, a jovem defensora do direito universal à educação que em 2014 recebeu o Nobel da Paz.
A estadia de Licy nos Estados Unidos não terminaria sem uma viagem até Washington D.C. e uma visita à Casa Branca.
Em frente ao Taj Mahal
Mas o feito mais conhecido da jovem será o seguinte: ter conseguido fazer com que funcionários do Taj Mahal recolhessem lixo no emblemático mausoléu. Quando Licy o visitou pela primeira vez, em Junho, ficou chocada ao ver pilhas de lixo a rodearem o prédio de mármore branco de quase 400 anos, onde o imperador Shah Jahan e a sua mulher estão enterrados. Licy protestou, segurando um cartaz que dizia o seguinte: “Por detrás da beleza do Taj Mahal está a poluição plástica.” A jovem seria fotografada com esse cartaz na mão.
“A imagem tornou-se viral nas redes sociais e a poluição plástica ao redor do Taj Mahal foi limpa em 24 horas”, diz Licy.
A jovem diz que, para ela, as redes sociais têm sido uma ferramenta poderosa, permitindo que se mantenha actualizada sobre questões ambientais — e que fale sobre elas. Licy tem quase 21 mil seguidores no Instagram, mais de 37 mil subscritores no YouTube e quase 157 mil seguidores no Twitter. A sua mãe é quem gere as suas contas, que exigem que os utilizadores tenham pelo menos 13 anos.
“Sempre que levanto a minha voz, as pessoas continuam a seguir-me cada vez mais”, refere. “Ao mesmo tempo, enfrentei muita propaganda falsa, ameaças e abusos para silenciar a minha voz.”
Apesar de ser conhecida internacionalmente, Licy diz que a sua vida além do activismo é bastante normal. Está no quinto ano de escolaridade e a sua disciplina favorita é Matemática. Quando não está a estudar, ou a aceitar convites para discursar noutras escolas, ela nada, pinta e assiste à série de animação japonesa Doraemon [que em Portugal passou durante largos anos no Canal Panda] com sua irmã de oito anos, Irina.
Ela também tem uma iniciativa no âmbito da qual encoraja crianças a plantar árvores todas as segundas-feiras. A sua esperança é chegar ao final deste ano com um milhão de árvores plantadas, “para tornar o nosso planeta verde novamente”.
Licy tem sugestões para crianças que desejam seguir o seu exemplo e ser activistas: convençam os vossos pais a caminhar, pedalar ou andar de transportes públicos. Parem de usar plásticos descartáveis. E certifiquem-se de que o lixo chega ao caixote.
“Muitas pessoas disseram-me que sou demasiado jovem para estar envolvida em tal activismo, mas acredito fortemente que as crianças podem liderar a mudança”, diz a indiana. “Precisamos de continuar a falar sobre a crise climática — e temos de responsabilizar os legisladores pelas suas decisões políticas.”
Exclusivo PÚBLICO/The Washington Post