Não entrei na universidade, e agora? Três conselhos para seguir em frente (ou tentar outra vez)

Os resultados das colocações para o acesso ao ensino superior já saíram e não ficaste colocado? Duas estudantes que passaram pelo mesmo e uma psicóloga deixam algumas dicas para enfrentares este momento de tristeza e desilusão.

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A entrada no ensino superior pode ser um momento de felicidade para muitos jovens, mas nem sempre é essa a realidade de muitos estudantes. A subida das médias do último colocado na licenciatura que desejam ou a não a obtenção da nota necessária nos exames nacionais para entrar no tão esperado curso superior pode significar enfrentar tempos de incerteza face ao futuro.

Catarina Ferreira e Leonor Ferro são duas jovens que viram a vida mudar quando receberam o resultado de “não colocada” às candidaturas que fizeram para o acesso ao ensino superior, em 2019. Apesar da tristeza e da desilusão com que viveram nesse momento, ambas arranjaram novos objectivos para esse ano. Juntamente com a psicóloga Sofia Ramalho, deixam agora alguns conselhos para os estudantes que não entraram na faculdade.

Não stressar. Não é o fim do mundo

Há três anos, Catarina Ferreira não conseguiu ingressar na licenciatura em Psicologia na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade do Porto (FPCEUP) e a incerteza quanto ao que fazer nos meses que se seguiam tomou conta da jovem. Olhando para trás, percebe que o importante é “não stressar e não achar que é o fim do mundo”.

“Há sempre aquela pressão no 12.º ano de que o caminho a seguir é para a faculdade, que vais decidir toda a tua vida naquele ano e os exames que tens de fazer vão definir toda a tua vida — isso não é assim. Não vale a pena ficarmos tristes ou chateados porque não entramos. A vida não acaba ali. Temos muito tempo. E não há mesmo problema em adiar um ano”, refere Catarina, que actualmente está no último ano da licenciatura em Comunicação Organizacional no Instituto Politécnico de Coimbra.

Sofia Ramalho, vice-presidente da Ordem dos Psicólogos, destaca ainda o problema das expectativas que os estudantes criam em relação a esta fase da vida e que muitas vezes podem não ser correspondidas. Para a psicóloga, a criação de objectivos para o futuro é essencial para se conseguir seguir em frente.

“Há toda uma expectativa que é gerada em torno do acesso ao ensino superior e quando isso não acontece gera-se muitas vezes sentimentos de frustração, mas também de ansiedade ou até de depressão porque o investimento é muito grande e depois o resultado fica aquém. Mas criar objectivos pessoais, de educação ou de formação vai ajudar a minorar a atenção para o facto de o estudante ver nesta não entrada uma tragédia para toda a vida e passar a ver esta situação como uma oportunidade para, durante um ano, afinar todos os objectivos de desenvolvimento profissional e de carreira”, aponta a psicóloga.

Avaliar as circunstâncias e apostar na repetição dos exames

Assim que soube da resposta à candidatura à licenciatura em Física na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa (FCUL), Leonor decidiu que iria voltar a estudar para o exame que lhe dava acesso ao curso de sonho durante esse ano. Pediu ajuda ao explicador de Matemática e juntos estabeleceram novas metas de estudo: esse é um conselho que deixa a outros estudantes.

“Primeiro avaliar o que podia ter corrido melhor a nível do estudo e, se conseguirem, arranjar um explicador para dar algum apoio durante esse estudo”, menciona a jovem, que está actualmente no tão desejado curso.

A psicóloga também sugere continuar a estudar para entrar no ensino superior mais tarde: “Voltar a investir no processo formativo, tendo em conta os melhores métodos e os mais eficazes, de modo a repetir os exames nacionais ou os exames a algumas disciplinas para aumentar a média e, desta forma, atingir o objectivo desejado.”

Não focar só nos estudos, fazer outras coisas

Leonor acredita também que não é bom para o estudante dedicar-se apenas aos estudos. “Aconselho a desligarem-se um pouco, não passarem tanto tempo a estudar, porque vão ter um ano [para o fazer] e estar só a estudar para um exame, sempre com as mesmas matérias, pode tornar-se muito cansativo”, menciona a jovem de Cascais.

“Dividam o tempo com outras actividades, como um part-time. Ajuda bastante a passar o tempo e pode ser uma maneira de ganhar dinheiro para usufruírem de outras coisas ou até para pagar ao explicador”, descreve Leonor, que durante o ano em que não entrou para a universidade arranjou trabalho numa cafetaria no Chiado, em Lisboa.

Para Sofia Ramalho, “procurar oportunidades de trabalho ou de voluntariado a tempo parcial, para que possam enriquecer as suas competências” é também uma estratégia que os estudantes que não entraram no ensino superior podem adoptar.

A psicóloga destaca ainda o “envolvimento dos estudantes noutras actividades que dão prazer”, como procurar “situações sociais com os amigos ou sair para conhecer novos lugares”, como método para gerir a frustração de não terem conseguido realizar algo tão desejado.

Texto editado por Amanda Ribeiro

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