Presidente do Peru acusado pela procuradoria de ser responsável de uma organização criminosa
Patricia Benavides entrou com a denúncia no Congresso por suspeita de rede de corrupção no Ministério dos Transportes. Em pouco mais de um ano no poder, Pedro Castillo já foi alvo de seis investigações preliminares.
O Presidente do Peru, Pedro Castillo, afirmou que está a ser vítima de perseguição política e denunciou uma “nova modalidade de golpe de Estado”, horas depois de a Procuradoria-geral da República ter apresentado no Congresso peruano uma denúncia contra o chefe de Estado por alegados delitos de corrupção.
Garantindo que o seu Governo se manterá “firme” na resolução dos “principais problemas do país” apesar da “perseguição política”, Castillo disse, numa conferência de imprensa, que actualmente o Peru tem “uma procuradoria política” que, em vez de “julgar os verdadeiros criminosos”, resolveu atacar o “Governo que foi eleito legitimamente pelo povo para conduzir os destinos do país”.
“Começou a execução de uma nova modalidade de golpe de Estado neste país”, sublinhou o Presidente aos jornalistas, citado pela agência Andina.
Castillo lamentou a detenção de pessoas do seu círculo e que tenham sido qualificadas como criminosas, mas garantiu que, apesar das investigações judiciais contra si, não deixará o país: “Aqui estou. Se o meu sangue tem de correr na rua em benefício deste povo, tenho de o fazer, se for preciso dar a vida, tenho de o fazer”.
“Queremos que provem as acusações, eu não vou sair do meu país, submetemo-nos a todo tipo de investigações”, disse ainda o Presidente, “sabemos que não têm nenhuma base real, estas acusações são orquestradas e planificadas, mas vamos continuar a dar luta”.
Segundo Castillo, o seu Governo “veio para mudar o destino do país” e está a ser bloqueado com “artimanhas e falsidades, para que continue na mesma”.
A procuradora-geral peruana, Patricia Benavides, fez chegar ao Congresso na terça-feira à tarde a denúncia contra o Presidente da República pelos supostos delitos de organização criminosa, tráfico de influências e conluio agravado.
“Formulo uma denúncia constitucional contra José Pedro Castillo Terrones na sua condição de Presidente da República do Peru como presumível autor dos delitos contra a tranquilidade pública na modalidade de organização criminosa agravada pela sua condição de líder”, diz o documento assinado pela procuradora.
De acordo com o Ministério Público, Castillo é suspeito de ser o “responsável de uma organização criminosa activa no Ministério dos Transportes e Comunicações em cumplicidade com [Juan] Silva [ex-ministro dos Transportes], bem como com funcionários de Provías Nacional e Provías Descentralizado, do Gabinete Presidencial e de empresários e terceiros, para favorecer o consórcio Puente Tarata III e outras empresas em processes de licitação pública”.
O ex-ministro dos Transportes está actualmente a ser procurado pela polícia, bem como dois sobrinhos do Presidente, Fray Vásquez Castillo e Gian Marco Castillo Gómez.
Esta terça-feira o Ministério Público levou a cabo buscas em residências relacionadas com a investigação, entre elas a da irmã do chefe de Estado, no bairro de San Juan de Lurigancho, em Lima, a capital peruana.
No Twitter, Castillo mostrou-se indignado: “A procuradoria entrou na casa da minha irmã. A minha mãe está lá. Este acto abusivo afectou a sua saúde. Responsabilizo o Ministério Público da nação pela saúde da senhora minha mãe”.
No pouco mais de um ano que Castillo leva como chefe de Estado, a procuradoria já abriu seis investigações preliminares contra o Presidente e o seu primeiro ano de mandato tem sido mais uma batalha contra a Justiça que um governo. E até já passou por um processo de destituição no Congresso.