Os feios, porcos e maus de Ruben Östlund

Ruben Östlund já soube ser um agente provocador, mas agora parece comprazer-se naquilo que antes criticava: Triângulo da Tristeza é uma alegoria fácil e condescendente, despida da complexidade que ainda existia em filmes anteriores.

<i>Triângulo da Tristeza</i>: um escárnio condescendente
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Triângulo da Tristeza: um escárnio condescendente
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Triângulo da Tristeza: um escárnio condescendente
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Triângulo da Tristeza: um escárnio condescendente

Depois de Força Maior e O Quadrado, o sueco Ruben Östlund propõe uma nova “experiência laboratorial” sobre a sociedade em que vivemos, aprofundando uma temática que aflorara de modo mais passageiro nos filmes anteriores: a desigualdade social dos nossos dias, em que os ricos são muito ricos e os pobres muito pobres. Não é por acaso que os seus “heróis” são criaturas puramente transaccionais, um casal de modelos e supostos influencers das redes sociais que “vendem” as suas imagens para efeitos promocionais sem pensar duas vezes no assunto. Ainda é menos por acaso que o grosso do filme decorra num cruzeiro exclusivo num iate de luxo, povoado por gente que tem todo o aspecto de uma vidinha confortável e reformada mas que são na verdade os multi-milionários que têm o poder nas mãos. E nesse “elenco” de personagens, mais os “horrores” a que Östlund o submete, reside aquilo que deita a perder Triângulo da Tristeza: não há individualidade nesta gente, todos eles são meros arquétipos que preenchem uma função na alegoria (a)moral que o realizador e argumentista quer erguer aos nossos dias.

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