Levantamento na Mata do Urso (em Pombal) identificou plantas ameaçadas e raras
A 29 de Outubro, grupo de voluntários regressa ao terreno com investigadores, para continuar o trabalho de identificação de espécies, com a Noite das Criaturas das Trevas.
Um levantamento biológico realizado nas três lagoas da Mata Nacional do Urso, na freguesia do Carriço, concelho de Pombal, identificou, entre 114 espécies de plantas, 15 exóticas, duas ameaçadas e dez raras, segundo um comunicado enviado à agência Lusa.
O bioblitz, levantamento biológico para registar o número máximo de espécies, decorreu de sexta-feira a domingo, com a participação de 15 investigadores voluntários.
“Desta actividade foram identificadas quatro espécies de mamíferos, répteis, anfíbios, um peixe invasor, oito espécies de aves, 18 espécies de fungos, 23 espécies de invertebrados, 114 espécies de plantas, das quais 15 são plantas exóticas, duas ameaçadas e dez raras.”
Segundo o documento, encontraram-se “quatro espécies de carriços”, que dá origem ao nome da freguesia.
Apesar de um conjunto de ameaças – entre as quais estão as plantas invasoras, como a acácia, o eucalipto e a erva-das-pampas – e de factores de risco de origem natural – como os incêndios de Outubro de 2017, o furacão Leslie, em Outubro de 2018, e o actual período de seca –, os investigadores constaram que “as lagoas da Mata do Urso conseguiram guardar muitos dos seus tesouros”, salienta-se no comunicado.
“O que aos nossos olhos nos aparentam ser lagoas secas e num grande estado de destruição, esta iniciativa permitiu-nos ter a oportunidade de encontrar um vasto conjunto de espécies que indicam a importância destes habitats e que importam urgentemente preservar”, afirmou, citada no comunicado, a investigadora Gabriela Marques, que reside na freguesia do Carriço, no distrito de Leiria.
Pelos resultados obtidos, as lagoas de São José e das Correntes (o bioblitz decorreu ainda na lagoa dos Linhos) – consideradas em maior estado de vulnerabilidade – “apresentam um grande conjunto de espécies indicadoras de habitat de turfeiras da região do litoral”, adiantou Gabriela Marques. Entre essas espécies encontra-se “um conjunto variado do género Carex, denominado de carriços na linguagem popular, ericáceas e juncos, entre outras gramíneas com estatuto de espécie rara, ameaçada ou em risco de extinção”.
O bioblitz está integrado num programa de residências científicas sob a coordenação da bióloga Ana Marta Costa e do ecólogo Jael Palhas e idealizadas pelo arquitecto paisagista Ricardo Camacho e por um grupo de cidadãos locais representados pelo Luís Couto e a investigadora Gabriela Marques.
Esta actividade é apoiada pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e é promovida pelo Grupo de Cidadãos Oeste Independentes.
A 29 de Outubro, este grupo de voluntários pretende continuar o trabalho de identificação de espécies, com a Noite das Criaturas das Trevas, que voltará a contar com investigadores.
“O controlo de invasoras é, no entanto, de carácter urgente e, no mesmo dia 29, faz o convite à população para que se associe para uma acção de controlo de espécies invasoras na lagoa dos Linhos.”
De acordo com o site do ICNF, a Mata Nacional do Urso tem 6053 hectares e está arborizada numa superfície de 5145 hectares, “tendo como espécie principal o pinheiro-bravo (que ocupa 85% da área da Mata), sendo a restante área ocupada com folhosas diversas que existem ao longo das linhas de água e dos caminhos”.